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✍️ Mozart Rosa
📅 30/05/2025
🕚 23h29
📷 Pexels.com, by Pēteris Rezņikovs


Faz algum tempo que publicamos aqui no site uma cartilha onde mostrávamos passos a serem seguidos em projetos de mobilidade. O objetivo era evitar desastres como o do Metrô de Macaé e do VLT de Cuiabá, projetos anunciados com enorme pompa, mas que por não seguirem o que recomenda nossa cartilha, fracassaram, gerando enormes perdas para a população das respectivas localidades. O objetivo da cartilha foi, e é mostrar a população etapas necessárias a um projeto de mobilidade, ajudando-a a fiscalizar essas etapas, verificar se estão sendo cumpridas. A inexistência dessas etapas é prenúncio do fracasso.




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Cartilha de mobilidade

Dessa vez, publicamos uma nova cartilha que pretende fornecer propostas para o retorno das ferrovias no Brasil.

Será uma cartilha bem pequena, mas com informações extremamente fundamentais para reerguer o setor.

Por mais que incomode a alguns, queremos mostrar que o que hoje é proposto em fóruns e comissões parlamentares, não terá possibilidade alguma de sucesso.

Aos críticos, e certamente serão muitos, para tudo o que está escrito abaixo, apenas uma pergunta. O modelo proposto hoje e o proposto nos últimos 30 anos têm apresentado algum resultado?

Talvez não seja a hora de usar um novo modelo?

O nosso?


CARTILHA PRÁTICA PARA O RETORNO DAS FERROVIAS NO BRASIL E A CONSTRUÇÃO DE UM SISTEMA FERROVIÁRIO NACIONAL

Texto dedicado a Paulo de Frontin, o primeiro a propor isso.

Escrever essa cartilha é, para nós, extremamente constrangedor, mas é necessário. De maneira alguma, exporemos pessoas.

Apresentaremos aqui algumas soluções que incomodarão alguns, mas o tempo provou serem medidas necessárias.

Boa leitura.

PRIMEIRA REGRA: DESCARTAR A OPINIÃO E PARTICIPAÇÃO DE EX-FUNCIONÁRIOS DA RFFSA NO PROCESSO

Por mais polemica e antipática que seja essa proposta, ela tem todo um embasamento que certamente vai incomodar a muitos, mas que precisa ser detalhada.

Ferrovias são um negócio, negócios são tocados por empresários, não existe a menor possibilidade de o setor ferroviário deslanchar com a absurda quantidade de pessoas enaltecendo a RFFSA lamentando sua ausência e cobrando de governos participação na construção de ferrovias, isso só beneficia aqueles que induzem pessoas a acreditar nisso pensando nos lucros que vão ter com os contratos e as licitações manipuladas, isso já aconteceu em SP e não terminou nada bem.

https://g1.globo.com/economia/noticia/2019/07/08/cade-condena-11-empresas-e-42-pessoas-por-cartel-de-trens-e-metros.ghtml

Sabendo que em toda a sua existência a RFFSA sempre deu prejuízo, foi uma péssima operadora, prestando serviços ruins a seus clientes.

Algumas pessoas são tão sem noção que fazem questão de esconder dos empresários qualquer projeto ou proposta sobre reativação das ferrovias, afinal, segundo essas pessoas, os empresários foram responsáveis pela extinção das ferrovias, os 40 anos de prejuízos da RFFSA nem são mencionados.

Pessoas que acreditam que o governo pode ser a solução do problema não diferem das pessoas que acreditam que o achocolatado é produzido por vacas marrom.

https://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/pesquisa-aponta-que-7-dos-americanos-acreditam-que-achocolatado-vem-de-vacas-marrons.ghtml

É loucura, mas é esse o nível de desconhecimento e de ingenuidade que têm muitas pessoas que militam no meio ferroviário.

Ferroviários também acreditam que a RFFSA foi fundamental para as ferrovias. Querem prova de ingenuidade melhor do que essa?

E isso foi uma realidade, por diversas vezes já mostramos isso, a RFFSA mais prejudicou do que ajudou o setor.

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Recentemente, buscamos estabelecer comunicação com uma Deputada Estadual de Minas Gerais que integra a comissão de transportes e infraestrutura da ALMG. Recebemos a informação de que o ex-parlamentar, ex-presidente e idealizador da comissão pró-ferrovias em Minas Gerais está prestando assistência a essa parlamentar.

Sem críticas à pessoa desse ex-Deputado, mas nos quatro anos de gestão ele não conseguiu que fosse colocado no solo um único metro de trilhos, além disso, não conseguiu emplacar um único projeto. E a culpa não foi dele, mas das pessoas que o assessoravam, eram ex-funcionários da RFFSA, de posições subalternas, pessoas extremamente ingênuas, fracas cultural e profissionalmente e desprovidas de ideias práticas, que não entendiam de ferrovias como um negócio. Mas como diz o ditado popular, “em terra de cego quem tem um olho é rei” Aqui, em nosso caso, o cego infelizmente foi o ex-deputado, e o rei foram os pseudo consultores que nada entendiam do assunto na totalidade.

Abaixo, texto nosso tentando explicar o problema.

O multiverso da loucura, o Brasil da realidade paralela, sua distopia, e as ferrovias

Além disso, ex-ferroviários pouco têm a acrescentar quando o assunto são as ferrovias modernas. A tecnologia mudou, se na época da RFFSA era arcaica, imaginem agora que ela foi desmantelada e o tempo passou.

Quando, na década de 90, a Volkswagen, ao relançar o Fusca atendendo a um pedido do presidente da época Itamar Franco que lançou o conceito do carro popular, ela recontratou uma série de ex-funcionários já aposentados para poder fabricar esse veículo. Estamos falando de um carro produzido na década de 90 que já tinha sido fabricado por mais de 40 anos, e descontinuado, apesar de na ocasião ser um carro zero km, já mostrava a ausência de diversos componentes de segurança e de conforto existentes nos carros mais modernos. A Volkswagen fez isso contando com a experiência dos funcionários antigos.

Reativar ferrovias é bem diferente de relançar um carro antigo. A ferrovia moderna tem motores menores, no caso das locomotivas maiores atuais, predomínio do digital, o mesmo nos equipamentos de sinalização, VLTs a diesel.

Qual desses ex-funcionários que orbitam em volta desses deputados e dessas comissões parlamentares teriam conhecimento para operar uma ferrovia moderna com os equipamentos atuais? Qual desses ex-funcionários conhece e mostra as potencialidades diversas das ferrovias, potencialidades essas nunca exploradas pelas RFFSA?

Qual desses ex-funcionários tem plena compreensão das potencialidades comerciais desse ou daquele trecho proposto a ser recuperado?

Menção honrosa a um único ex-funcionário da RFFSA que costuma divulgar em palestras o processo “double stack”, sistema de transporte ferroviário que utiliza vagões projetados para transportar dois níveis de contêineres, ou seja, empilhando-os verticalmente um em cima do outro, algo nunca usado pela RFFSA.

Novamente, expressamos o nosso respeito pelos ex-funcionários da RFFSA, a maioria aposentado, mas permanecem as seguintes questões:

Eles, em sua maioria, se atualizaram?

Podem dar ideias para esse mundo moderno?

Compreendem as necessidades comerciais de uma ferrovia?

Trilhos do Rio é, até onde se sabe, a única instituição a apresentar propostas de uso dos VLTs para uso em diversas possibilidades de apoio ao cidadão e a sociedade. Quem mais propõe isso?

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SEGUNDA REGRA: IGNORAR E DESCARTAR AS OPNIÕES DOS ECOLOGISTAS DE APARTAMENTO E TER NOÇÃO DO PERIGO QUE ELES REPRESENTAM

Outro tópico constrangedor, mas que precisa ser abordado. Quem são esses ecologistas? Qual a sua formação? Qual a sua seriedade? Hoje vivemos no mundo da chamada guerra hibrida, não se disparam armas, se escolhem temas a serem explorados e manipulados para assim conseguir uma vitória e a ecologia, a sustentabilidade tem sido campo fértil. A maioria das pessoas da cidade desconhece a realidade do campo e desconhece o real sentido da palavra sustentabilidade.

O índio moderno quer os confortos da cidade, quer andar de Hilux, não quer viver segregado, mas pessoas ingênuas insistem nisso, que eles devem ficar isolados, querem ser mais realistas do que o rei.

Recentemente publicamos um artigo que deve ser lido atentamente por todos, ele tenta demonstrar o perigo que representa para o Brasil os ecologistas de apartamento. Pessoas que ao acordarem e se olharem no espelho certamente veem à imagem de Jesus ou de outras personalidades ilustres refletidas. A maioria não tem capacidade técnica para afirmar o que afirmam, mas imbuídos de suas capacidades profissionais ou de algum tipo de poder, exercem esse poder e usam os seus diplomas para fazer valer teorias que, na prática, têm mostrado ser absolutamente inúteis.

Leiam com atenção o texto e vão entender a gravidade desse assunto.

TERCEIRA REGRA: CHAMAR O EMPRESARIADO PARA PARTICIPAR DE DISCUSSÕES QUE ENVOLVAM O SETOR

O empresário do setor de transporte sabe fazer uma única coisa: transportar gente. Por acaso, hoje, majoritariamente transporta pessoas por ônibus, mas pode transportar por aviões, balões, lombo de burro, disco voador e, se for incentivado a isso, por trem.

Em reuniões da ALERJ ou da ALMG, tratando do tema, nunca é vista a presença de empresários. Sempre ex-funcionários da RFFFSA que nem tinham ideia do que acontecia nos bastidores da empresa, alguns nunca entraram em sua sede, são unânimes em afirmar que os empresários do ônibus acabaram com o transporte ferroviário de passageiros. Isso sem nenhum documento, nenhuma prova, nada, apenas eu ouvi dizer, ou me disseram, certamente isso não é forma de fazer as coisas.

Além dos ex-funcionários da RFFSA, muitos aposentados do setor público entusiastas das ferrovias, que nunca na vida empreenderam, costumam participar dessas reuniões. O que essas pessoas podem opinar sobre negócios? Considerando que as ferrovias em essência são negócios.

A participação desses empresários é fundamental para fazer as coisas funcionarem, fora isso, a opção é o fracasso. Veja o metrô de Macaé.

Vamos contar uma história sobre a aviação que muito tem a ver com o setor ferroviário e a RFFSA.

A Swissair, maior empresa de aviação da Suíça, quebrou em 2001. Com uma dívida de 17 bilhões de francos suíços, ou US$ 13 bilhões, resultando na perda de 5.000 empregos e na maior falência corporativa do país. Todos foram pegos de surpresa, seus pilotos, funcionários de pistas, todos absolutamente todos. As coisas ficavam restritas à sede da empresa. Quando se descobriu os motivos do rombo, todos ficaram surpresos.

Desenho com traços pretos em fundo branco O conteúdo gerado por IA pode estar incorreto.

De onde ex-funcionários da RFFSA, que nunca foram à sede da empresa, tiram informações elogiosas sobre a empresa, da qualidade das suas operações e de onde tiram a informação de que os empresários do ônibus acabaram com o transporte de passageiros por trem?

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QUARTA REGRA: NÃO QUERER CONTROLE DE TARIFA

Interessante notar que projetos que nem saíram do papel já têm à sua volta aquelas figuras peculiares querendo definir o valor das tarifas e eventuais isenções.

Isso não tem a menor chance de dar certo.

Novos empreendimentos do setor ferroviário vão precisar dos empresários do setor rodoviário e toda sua expertise para fazer as coisas funcionarem, e querer controlar tarifa de algo que ainda nem existe é prenúncio de fracasso.

Exemplo clássico dessa questão das tarifas, aconteceu aqui no Rio de Janeiro, quando propomos aos funcionários da SETRANS, que a tarifa dos trens de Saracuruna e Vila Inhomirim fosse desvinculada da tarifa cobrada pelo trem elétrico da Supervia.

Sem explicar o motivo, todos foram contra. Na ocasião a tarifa cobrada pelo trem, era de R$ 4,70, e a dos ônibus R$ 9,90, mas as pessoas preferiam pagar os R$ 9,90, mas terem acesso ao transporte, do que pagar os R$ 4,70 de um trem sujo e nunca disponível, é preciso que essas pessoas colocadas em cargos de decisão do estado, tenham pulso firme ao definir políticas inclusive as tarifarias, lamentavelmente temos homens e mulheres de geleia em excesso no serviço público.

QUINTA REGRA: OUVIR O PASSADO

Existia todo um mundo pré-RFFSA, com pessoas de enorme competência e visão de futuro, coisa que se perderam de forma lamentável no período RFFSA. Um exemplo clássico foi o de Paulo de Frontin e suas ideias geniais. Abaixo, trecho de um livro mostrando as ideias dele.

E essa foi apenas uma.

Infelizmente, temos hoje em profusão uma quantidade enorme de pessoas sem qualificação dando pitacos, a maior prova disso é a estagnação do setor.

Não seria a hora de nossas ideias serem implementadas?

Abaixo um pequeno vídeo do trem postal de Londres que funcionou a contento durante mais de 70 anos, em uma bitola que acreditamos ser próxima à chamada sub-metrica, e que acabou pela evolução tecnológica, pela queda do uso dos serviços postais.

Aqui no Brasil, teria acabado pela supremacia política dos adeptos da bitola larga que identificariam ali um serviço de bitola inadequada e mandariam acabar com o serviço, ignorando qualquer benefício nele.

No interior de Minas Gerais, foi assim.

Obrigado aos que chegaram aqui, uma simples cartilha com apenas cinco regras, mas regras bem abrangentes, esperamos ter sido compreendidos em nossa proposta.

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Autor

  • Mozart Rosa

    Iniciou sua carreira profissional em 1978 trabalhando com um engenheiro que foi estagiário da RFFSA entre 1965 e 1966, que testemunhou o desmonte da E.F. Cantagalo e diversas histórias da Ferrovia de Petrópolis. Se formou Engenheiro Mecânico pela Faculdade Souza Marques em 1992, foi secretário-geral Trilhos do Rio no mandato 2017-2020 e atualmente ocupa o cargo de redator do site, assessor de contatos corporativos e diretor-técnico.

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