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✍️ Daddo Moreira
📅 12/04/2020
🕚 11h29
📷 Capa: Projeto do porto Mineiro na Ilha do Governador – Revista das Estradas de Ferro, 1926




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A Ilha do Governador, descoberta pelos portugueses em 1567, recebeu esse nome pela iniciativa de Mem de Sá, Governador-geral à época. O mesmo doou mais da metade do território da ilha ao seu sobrinho Salvador (Correia) de Sá para que esse plantasse cana-de-açúcar. Atualmente, a Ilha é dividida em 14 bairros, e possui na porção oeste do seu território o maior aeroporto do estado: o Aeroporto Internacional Antonio Carlos Jobim, ou Aeroporto do Galeão, como também é mais conhecido. Esse aeroporto, inaugurado em 1952, e o bairro do Galeão onde ele se localiza, receberam esse nome pelo fato de, em 1663, ter sido lançado ali o maior navio do mundo na época, o Galeão Padre Eterno, em um estaleiro construído no local conhecido hoje como Ponta do Galeão. Essa embarcação naufragou alguns anos depois no Oceano Índico, mas marcou a história da Ilha como sendo um prodígio da construção naval brasileira.

Gravura do Padre Eterno na entrada do rio Tejo, em Portugal, no livro Description de l’Univers (1683) — Fonte: Wikipedia.

 

Nessa época, ainda não havia ligação terrestre da ilha com o continente. Todos os meios de comunicação eram baseados em transporte marítimo através da Baía de Guanabara, com diversos pontos de atracação como a já citada Ponta do Galeão, a Ribeira, Cocotá, dentre outros locais. Internamente, a região contava com algumas vias de comunicações rudimentares, tendo a sua primeira linha de bondes implantada apenas em 1922, ligando o bairro da Ribeira ao Cocotá, e depois estendida a outros pontos da Ilha. Evidentemente, diversos projetos foram criados para efetuar a ligação terrestre com o continente, ou seja, com o território do Rio de Janeiro. Tanto projetos rodoviários como ferroviários, mas infelizmente apenas as vias e estradas de rodagem saíram do papel, deixando a ilha refém do trânsito e congestionamentos até hoje, por possuir apenas uma forma de entrar e sair por terra.

Um desses projetos era o de ligar a estação de Sapopemba (atual Deodoro) à Ilha do Governador, já idealizado desde 1890. Apenas em 1903 foram apresentados os estudos e projetos devidos, mas em 1904 o governo encampou e engavetou o projeto, não dando prosseguimento.

Trechos do Relatório Ministerial da Agricultura de 1899 (Fonte: Center for Research Libraries)

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Recentemente, a concessionária Supervia e o Governo do Estado do Rio de Janeiro apresentaram uma ideia semelhante de ligação ferroviária, mas entre a estação de Bonsucesso e o bairro da Portuguesa. Infelizmente, esse foi mais um projeto que não saiu do papel e serviria para desafogar o trânsito e melhorar a mobilidade dos moradores, trabalhadores e visitantes da ilha.

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Imagem: divulgação

Contudo, durante pesquisas de caráter histórico, a equipe Trilhos do Rio descobriu um curioso projeto de 1926 visando à construção de um Porto Marítimo na Ilha do Governador para atender ao estado de Minas Gerais!

Projeto do porto Mineiro na Ilha do Governador – Revista das Estradas de Ferro, 1926

Publicado na “Revista das Estradas de Ferro” em 15 de janeiro daquele ano e escrito pelo engenheiro civil Moraes da Costa, o artigo detalha que a linha partiria da Linha do Centro da Estrada de Ferro Central do Brasil, cruzaria a Linha Auxiliar e a Estrada de Ferro Rio d’Ouro, seguindo de certa forma paralela ao ramal da Penha dessa última ferrovia, mas a dada distância, cruzaria ainda a Estrada de Ferro do Norte, alcançaria através de pontes a Ilha do Fundão e a Ponta do Galeão, adentrando o território insular, passando por onde hoje ficam a Base Aérea e o Aeroporto do Galeão (como seria essas instalações hoje com essa ferrovia?) e findando em uma grande área de aterro a ser construída, com docas e armazéns para atender a demanda do grande estado mineiro. Traria também desenvolvimento e melhorias aos habitantes da Ilha do Governador e bairros por onde a ferrovia passasse.

Contudo, como se sabe, esse projeto não foi adiante.

Mas como seria se ele tivesse saído do papel?

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  • O Departamento de Pesquisas e Projetos Trilhos do Rio surgiu como um grupo de amigos, profissionais, entusiastas e pesquisadores ferroviários que organiza, desde o ano de 2009, eventos, atividades e pesquisas, tanto documentais quanto em campo, sobre a história e patrimônio ferroviário do estado do Rio de Janeiro, com o objetivo de resgatar, preservar e divulgar a história e memória dos transportes sobre trilhos fluminenses. Entre os anos de 2014 e 2021 fomos formalizados como uma ONG, a Associação Ferroviária Trilhos do Rio, e desde 2024 fazemos parte, como um departamento, da Associação Ferroviária Melhoramentos do Brasil

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