✍️ Mozart Rosa
📅 13/01/2025
🕚 14h30
📷 Capa: Jornal O Dia
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O Carioca possivelmente está para ser vítima de algo com funestas implicações futuras, sendo vítima de algo que vai impactar negativamente nosso cotidiano e ninguém está falando sobre isso. E a imprensa tradicional, mostrando sua decadência novamente, mostra apenas um lado da história.
Mostraremos aqui alguns eventos passados que estão influindo no nosso cotidiano presente, além de alguns fatos omitidos pela grande imprensa, e o quanto isso pode impactar negativamente o nosso futuro.
Para explicar melhor a extensão dessa confusão, vamos mostrar quem são alguns atores dessa grande novela.
Fetranspor
Fetranspor é a Federação das Empresas de Transportes de Passageiros do Estado do Rio de Janeiro, que congrega dez sindicatos de empresas de ônibus que atuam no transporte urbano, interurbano e de turismo e fretamento. A Fetranspor surgiu em 1955 e é um órgão de classe. É uma instituição patronal que reúne os empresários do setor rodoviário.
Riocard
O Riocard é uma empresa criada em 1988, para gerenciar o vale-transporte regulamentado na gestão do então prefeito Cesar Maia, essa empresa passou a gerir e distribuir os então tíquetes e posteriormente os cartões que eram vendidos através do então Unibanco, posteriormente ampliou sua área de atuação atendendo outros modais como trens, barcas e metro e atendendo outros municípios.
Essa ampliação brutal do Riocard de modais e de municípios atendidos, aconteceu pela competência do seu trabalho, algo que ninguém conhece ou procura conhecer.
O cartão e o validador são apenas o que se vê, é uma parte do sistema, muito mais importante é o que não se vê.
Cada ônibus tem um equipamento que recebe as informações do validador, como os valores pagos, as gratuidades concedidas por idade e para alunos da rede pública municipal ou de instituições de ensino de outras esferas públicas e qualquer outra gratuidade prevista em lei, as integrações, TUDO. Ao voltar para a garagem, é automaticamente transmitido por wi-fi a um equipamento no portão da garagem todo esse movimento que retransmite automaticamente em tempo real, essas informações para a central do Riocard e no dia seguinte o valor devido é creditado na conta da empresa.
É gerado também um relatório diário para a empresa com o número de passagens vendidas, as gratuidades, os empregados das empresas de ônibus que usaram naquele dia os ônibus para chegarem e saírem do trabalho, esses relatórios mostram TUDO. Ao final do mês é gerado um relatório consolidado com esses números.
A partir desse relatório, é repassado ao município e ao estado os valores a serem restituídos as empresas por conta da concessão de gratuidades e integrações.
Portanto, o uso do termo “caixa preta” por parte de autoridades municipais e da imprensa é no mínimo suspeito.
Ao se criar, um novo sistema de pagamento, se abre um perigoso precedente, dando à empresa administradora desse novo meio de pagamento o poder de gerenciar as receitas das empresas de ônibus.
Quem garante que essa empresa que nada tem a ver com as empresas repassará diariamente, como hoje, o valor arrecadado no dia anterior?
Essa é uma pergunta que repórteres deveriam fazer e não apenas divulgar informações que recebem da prefeitura, sempre citando o termo “caixa preta”, qual o objetivo disso?
Corremos o risco real do sucateamento do sistema. Esse filme já foi visto por nossos pais e avós com o sucateamento da malha ferroviária.
O Trem Barato
Pessoas na faixa de 50 a 60 anos lembram do “trem barato”, lembram do trem de subúrbio ou do trem intermunicipal como o cacique de Campos ou os existentes em outros estados, e compara isso a situação atual questionando valores cobrados pela Supervia e reclamando da inexistência de trens regionais “Baratos”. Esquecem de que o estado de manutenção desses trens era deplorável, com paradas constantes por defeitos.
Isso pela tarifa “barata”, cobrada que não permitia cobrir custos de manutenção e investimentos, ocasionando o sucateamento de diversos serviços e o posterior fechamento de diversas linhas. Petrópolis, nossa linha mais emblemática, foi um exemplo.
O que nenhuma dessas pessoas nunca fez foi ler os balanços da RFFSA, com seus monumentais prejuízos. Foi mais cômodo criar Teorias da Conspiração para justificar esses fechamentos. O site Trilhos do Rio tem vários artigos sobre esses assuntos, basta procurar.
Se por conta dessa nova empresa, não repassando os valores devidos para as empresas os serviços de transporte rodoviário descaírem, qual vai ser a teoria da conspiração a ser criada?
Supervia
A Supervia é um caso a parte, não nos estenderemos sobre isso, mas seus problemas são essencialmente gerenciais, alguns decorrem da contratação ao nível gerencial de pessoas inadequadas para suas respectivas funções, pessoas indicadas por políticos ligados a Secretaria Estadual de Transportes, mas aí já é outra história.
Conclusão
Toda essa narrativa criada pela prefeitura e acompanhada pela imprensa usando o termo “Caixa Preta” é extremamente perigosa, o Riocard foi criado em 1988, desenvolveu através dos anos uma capacidade de gerenciamento do sistema sem igual, replicar isso não é como ir a uma loja e comprar um novo modelo de software ou contratar no mercado gente para operar esse novo sistema, estamos falando de um sistema extremamente complexo que foi sendo aperfeiçoado através dos anos. Será que com o tempo essa nova empresa vai repassar os valores arrecadados como acontece hoje? Além disso, como já mostramos, o uso do termo “caixa preta” não é devido, os relatórios existem desde a criação do Riocard.
A prefeitura mascara a incompetência de seus funcionários, criando situações que, com o tempo, podem inviabilizar a existência das empresas. A prefeitura, com essa decisão de licitar esse novo meio de pagamento sob a alegação de “caixa preta”, está se apoderando do faturamento das empresas de ônibus, se os repasses deixarem de ser feitos como hoje e o empresário negligenciar a manutenção dos ônibus e acidentes acontecerem?
Como vai ser? A prefeitura vai encampar as empresas? Será que é essa a pretensão? Culpar o empresário malvadão? E depois, como será?
Cesar Maia, em seu último ano de governo, já dizia que era preciso disciplinar as gratuidades, pois elas tinham a capacidade de criar problemas de caixa para a prefeitura. Isso está em jornais da época, basta procurar.
Será que é por isso que a prefeitura está querendo avançar no caixa das empresas e criando o termo “caixa preta” para justificar isso?
E os 12 bilhões?
Ninguém fala que a prefeitura do Rio de Janeiro já gastou com o sistema BRT, 12 bilhões de reais, ninguém fala que o sistema tem vários defeitos de origem, inclusive na escolha do formato dos ônibus que jamais deveria ter sido usados e sim VLTs a diesel produzidos pela Marcopolo, ou do asfalto que cedeu na Barra causando acidentes, e as pistas tiveram que ser refeitas, pistas originalmente feitas pelo atual prefeito em seu primeiro mandato. Alguém fala dos imóveis que tiveram sua isenção de IPTU cassada para pagar essa conta?
Alguém reparou que os empresários do setor rodoviário saíram da operação do BRT? Por quê? Ninguém sai de um negócio que está dando lucro. O que aconteceu?
São muitas perguntas sem resposta, a população deveria ficar mais atenta ao que está acontecendo e ao que pode acontecer.
ATENÇÃO: essas informações foram repassadas por um orgulhoso técnico em TI que participou da implantação do Riocard e que, por orgulho e por conhecimento de causa, falava que o Riocard era um dos sistemas de bilhetagem mais eficientes e complexos do mundo.*
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