✍️ Redação Trilhos do Rio
📅 18/02/2025
🕚 14h19*
📷 Daddo Moreira, 2010
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O Rio de Janeiro, berço das estradas de ferro no Brasil, viu a sua malha ferroviária ser praticamente abandonada, com menos de 5% da infraestrutura original ainda em funcionamento. Contudo, o projeto da ferrovia EF-118 surge como uma oportunidade significativa para fomentar a economia da região Norte Fluminense, além de beneficiar outras áreas como o Sul Fluminense e a Região dos Lagos. A Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) estima que o projeto poderá gerar R$ 2,5 bilhões no PIB da região, 68 mil empregos diretos e indiretos e arrecadar R$ 457 milhões em impostos estaduais e federais.
Além disso, a ferrovia pode gerar um acréscimo de R$ 1 bilhão em salários para a força de trabalho local. No entanto, líderes locais apontam que o atual edital da ferrovia não leva em consideração o pleno potencial econômico de cidades como Campos e outras áreas do Norte Fluminense. A falta de uma análise mais profunda sobre as necessidades locais pode prejudicar o desenvolvimento da região.
A EF-118 terá 575 quilômetros de extensão e será crucial para a integração ferroviária do Sudeste, conectando terminais portuários e fortalecendo o transporte de cargas. A proposta da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) destaca que a ferrovia ampliará a capacidade portuária das ferrovias existentes, ajudando a solucionar gargalos logísticos na região. No entanto, a proposta atual da ANTT prevê como investimento obrigatório o Trecho Central, que vai de São João da Barra a Anchieta, no Espírito Santo.
Esse trecho central será focado na exportação de minério pela Vale, do Porto do Açu e do sul do Espírito Santo. Já o Trecho Sul, que abrange o percurso de São João da Barra até Nova Iguaçu, é classificado como investimento contingente, o que significa que sua implementação depende de um reequilíbrio econômico do contrato. Este trecho, segundo especialistas e autoridades locais, é fundamental para o crescimento da região e a sua conexão com o restante do estado do Rio de Janeiro.
No dia 5 de fevereiro, o governador Cláudio Castro e deputados da bancada federal do Rio de Janeiro se reuniram com representantes do Ministério dos Transportes para defender a implantação completa do projeto da EF-118. Castro destacou que a ferrovia não só fortaleceria as exportações brasileiras, como também impulsionaria o desenvolvimento de todo o país, permitindo a diversificação da produção e transportando mais do que apenas minério.
O Grupo Líder Norte Fluminense, que reúne lideranças do setor público, privado e de várias entidades regionais, também expressou apoio à ampliação do projeto. José Walmir Dias, empresário e conselheiro da Firjan, criticou o fato de que o edital favorece mais o Porto do Açu e a Vale, deixando a região do Norte Fluminense com um benefício limitado. Ele reforçou que a extensão da ferrovia até Nova Iguaçu representa uma chance única de promover o desenvolvimento econômico da região.
Os prefeitos de Campos e Macaé, Wladimir Garotinho e Welberth Rezende, participaram de uma audiência pública no final de janeiro e expressaram frustração com o atual formato do projeto. Garotinho criticou o fato de o projeto atender mais ao Espírito Santo e à Vale, enquanto as cidades do interior do Rio de Janeiro ficariam prejudicadas. Rezende, por sua vez, ressaltou que a conexão ferroviária com Macaé é essencial para as atividades econômicas locais, especialmente no setor agrícola e na pecuária.
Outros municípios, como São Francisco de Itabapoana e São João da Barra, também se manifestaram a favor da ampliação do projeto. A Prefeitura de São João da Barra, que já se beneficiaria da fase inicial da ferrovia, apoiou a implementação do Trecho Central, mas também defendeu a necessidade de incluir o Trecho Sul o mais rapidamente possível, considerando sua importância para a logística regional.
O Consórcio Público Intermunicipal de Desenvolvimento do Norte e Noroeste Fluminense (Cidennf) também se posicionou favoravelmente à inclusão do trecho completo da ferrovia no plano de investimentos. O consórcio entregou um requerimento à ANTT, destacando o potencial de geração de emprego e renda para a região e para o estado do Rio de Janeiro, caso o Trecho Sul seja integrado ao projeto desde o início.
A Firjan, por sua vez, manifestou apoio à implementação do projeto de forma estruturada, embora defenda que a primeira etapa comece com o Trecho Central, conectando o Porto do Açu à malha ferroviária nacional. A entidade também ressaltou que a expansão para o Trecho Sul é uma oportunidade concreta para fortalecer a competitividade da região, mas que a modelagem da concessão precisa de ajustes, com critérios claros para garantir a execução do projeto.
A ANTT abriu espaço para que entidades e cidadãos enviassem sugestões ao projeto até o último dia 12 de fevereiro, para que o plano inicial fosse revisto e o Trecho Sul incluído de forma imediata. O início das operações da ferrovia está previsto para 2033, com o processo de licitação e assinatura de contrato programado para ser finalizado até meados de 2026. O Estado do Rio de Janeiro ficará com 47% da extensão da ferrovia, enquanto o Espírito Santo ficará com 53%.
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