✍️ Por Redação Trilhos do Rio, baseado em matéria de Camila Araújo e Selma Schmidt, do Jornal O Globo
📅 28/01/2025
🕚 3h00
📷 Mobilidade Estadão
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O futuro do transporte público no Rio de Janeiro está ancorado em projetos ambiciosos que totalizam R$ 100 bilhões em investimentos, envolvendo desde a expansão do metrô até a implementação do BRT Metropolitano. Um exemplo marcante é o trecho do metrô planejado entre o Jardim Oceânico e o Recreio, que chegou a ser idealizado para atender às necessidades da Olimpíada de 2016, mas foi substituído pelo BRT devido à grave crise financeira enfrentada pelo estado na época.
Para pessoas como Maria de Jesus da Silva, diarista de 44 anos que mora na Cidade de Deus, esses projetos representam mais do que obras de infraestrutura: são a esperança de um deslocamento mais ágil e menos desgastante. Atualmente, Maria enfrenta uma verdadeira maratona para chegar ao trabalho em Botafogo, na Zona Sul. Ela vai até a estação Merck do BRT na Taquara, segue para o Jardim Oceânico e, de lá, pega o metrô. Entre filas, baldeações e longos tempos de espera, a jornada chega a consumir mais de duas horas em cada trecho. Maria resume sua situação ao destacar que a extensão da Linha 4 do metrô até o Recreio faria toda a diferença, além da necessidade urgente de mais ônibus para complementar o sistema do BRT, que sofre com superlotação e intervalos irregulares.
Embora a expansão do metrô carioca tenha parado há quase uma década, com a obra da Estação Gávea sendo interrompida e deixando um túnel inundado como herança, as promessas de retomada ainda alimentam expectativas. Segundo o secretário estadual de Transportes, Washington Reis, a construção da Estação Gávea será retomada em breve, graças a um novo acordo que envolve o MetrôRio e prevê investimentos de R$ 600 milhões, além de um fundo de reserva de R$ 300 milhões criado pelo estado. Esse marco pode sinalizar uma retomada mais ampla, mas o desafio é imenso: a conclusão da Linha 4 como planejada originalmente exige a ligação do Jardim Oceânico ao Recreio, além de outros trechos como o Humaitá, Botafogo e até o Centro.
Enquanto isso, o transporte sobre trilhos em São Paulo continua avançando em ritmo acelerado. Iniciado apenas cinco anos antes do metrô do Rio, o sistema paulista já conta com 104,4 quilômetros de extensão, quase o dobro dos 54,4 quilômetros do metrô carioca. O Rio, por outro lado, mantém em gavetas projetos de expansão como a Linha 3, que atravessaria a Baía de Guanabara até São Gonçalo, e a Linha 2, que ainda aguarda a conclusão do trecho entre o Estácio e a Praça Quinze. Além disso, o prefeito Eduardo Paes propôs a conversão dos corredores BRT Transoeste e Transcarioca em sistemas de VLT, em um projeto estimado em R$ 16 bilhões.
Outra alternativa que permanece no papel é o transporte aquaviário, como uma linha de barcas entre os aeroportos Santos Dumont e Tom Jobim, cuja licitação fracassou por falta de interessados. O mesmo ocorre com a sonhada ligação por barcas entre São Gonçalo e a Praça Quinze, que ainda não tem sequer estimativa de custo.
Apesar das dificuldades, especialistas destacam que a ampliação do transporte sobre trilhos é uma necessidade não apenas econômica, mas ambiental. Esses modais são mais sustentáveis, com menor consumo de energia e impacto ambiental reduzido. Segundo Márcio D’Agosto, presidente do Instituto Brasileiro de Transporte Sustentável, é fundamental reduzir o uso de carros particulares nas grandes cidades, dada sua ineficiência energética e contribuição para os congestionamentos e emissões de gases de efeito estufa. Ele ressalta que o transporte público de alta capacidade, como metrôs e trens, é o caminho mais viável para atender à crescente demanda urbana e minimizar os danos ambientais.
Enquanto o estado busca atrair investidores e garantir recursos, moradores como Rodrigo Caetano, técnico de refrigeração que vive em São Gonçalo, seguem sonhando com um sistema de transporte mais eficiente. Para ele, o metrô representa rapidez, economia e segurança, algo que ainda parece distante para grande parte da população da Região Metropolitana do Rio.
A transformação do transporte público no Rio de Janeiro depende de investimentos significativos e do comprometimento de todas as esferas de governo. Mais do que promessas, é necessário um esforço conjunto para tirar os projetos do papel e transformar a mobilidade urbana em uma realidade que beneficie a todos.
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