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✍️ Mozart Rosa
📅 30/10/2020
🕚 12h00
📷 Aeromóvel no desvio em Porto Alegre-RS. Imagem de Leandro Castro.




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Neste artigo falaremos sobre um meio de transporte que invariavelmente é sempre citado próximo às eleições, em qualquer esfera governamental. Esse é a primeira parte onde explicamos o que é o Aeromóvel, sua origem e suas potencialidades, além de apresentarmos um projeto viável a ser implantado no Rio de Janeiro, com a participação do empresariado, na segunda parte apresentaremos mais propostas para o Aeromóvel.

Mas o que é o Aeromóvel? Do que se trata?

Desmistificaremos isso hoje e explicaremos sua aplicabilidade até mesmo no Rio de Janeiro.
Acompanhem o artigo até o final e desejamos a todos uma boa leitura!

Aeromóvel não é metrô. Aeromóvel é um sistema de transporte de pequena e média capacidade e funciona muito bem. Se entendermos isso será possível iniciar aqui uma explicação mostrando o que é o sistema.

Achar que o Aeromóvel é panaceia que poderá ser implantado Brasil afora é ingenuidade.

 

: : Ele tem limitações, mas superadas tais limitações pode ser uma ótima opção : :

 

O Aeromóvel deve ser entendido como o que ele realmente é: um sistema com características técnicas específicas a ser usado em locais específicos. Jamais vai substituir qualquer sistema ferroviário ou metroviário. Além disso, há toda uma estrutura empresarial que viabiliza sua produção, algo que não ocorreu com o MagLev Cobra, cujo projeto foi infelizmente interrompido recentemente.

E é uma invenção nacional, idealizado por Oskar Hans Wolfgang Coester, criador da empresa gaúcha Coester. Esta empresa é dona da patente e se associou com a Marcopolo, a mais tradicional fabricante brasileira de carrocerias, para a fabricação dos veículos, dando suporte empresarial necessário ao negócio. Clique aqui para conhecer a empresa.

Explicando o aeromóvel

O sistema Aeromóvel tem um veículo extremamente leve, em relação aos sistemas ferroviários tradicionais, que funciona movido pelo ar gerado por ventiladores que injetam esse ar dentro de uma estrutura tubular de concreto, e é por cima dessa estrutura que o veículo se movimenta, usando “velas” como de barcos, mas embutidas. Estas “velas” ficam na parte inferior do veículo dentro de uma estrutura própria. Pelas características e leveza do sistema, é um sistema adequado para transpor até mesmo rios e eventuais trechos marítimos por via elevada, construídos com menos custo que as obras tradicionais.

É um sistema que já funciona desde 2013 em Porto Alegre-RS com extrema segurança e confiabilidade, assim como em um parque temático de Jacarta, na Indonésia, desde 1989!

Aeromóvel passando sobre trecho elevado
O Aeromóvel de Jacarta, na Indonésia, fica no parque Taman Mini Indonesia Indah e tem cerca de 3 km de comprimento. Sucesso total desde 1989. Foto: Site do projeto Aeromóvel.

E por que até hoje não foi implantado em escala em nenhum outro lugar do Brasil? Leiam a série de 5 textos aqui do site, recentemente publicados: Projetos Inadequados e suas Aplicações Equivocadas, ali se explica muita coisa.

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Como exemplo, podemos citar Albert Einstein, que além de sábio, era homem de visão e clarividente. Ele descreveu o funcionamento do setor público brasileiro de sua época, e do futuro em uma frase: apenas

 

: : “Você não consegue resolver um problema com a mesma mente que o criou” : :

 

E o que faz o Aeromóvel ser tão interessante?

Possivelmente a maioria não saiba, mas um trem precisa ter peso para ter aderência entre a roda e os trilhos, e no caso dos veículos de passageiros, para obter esse “peso” eram antigamente usadas chapas de ferro. Hoje isso é conseguido com a colocação de um piso de concreto nos vagões, aquele traço de concreto 3×1 que todo mundo já deve ter visto ser feito pela turma de amigos no domingo de sol, movidos a muita cerveja, batendo a laje de algum outro amigo, funciona que é uma beleza.

 

: : Claro que com aditivos especiais que aumentam a plasticidade e impedem a quebra com os movimentos do percurso : :

 

O Aeromóvel não precisar disso, por isso é tão mais leve. Essa leveza possibilita custos de construção de pilares e custos de estaqueamento em trechos de mar ou de rios muito menores do que quando esse estaqueamento e a construção desses pilares forem para implantação de linhas de Metrô convencional.

Trechos ideais e indicados para a implantação do sistema são onde a necessidade de transporte não supere 30.000 passageiros/hora e com obstáculos naturais que sejam compensadores para superá-los por via elevada.

 

: : Lembrando: Aeromóvel não substitui Metrô : :

Uma curiosa informação complementar

Sendo um veículo movido a vento, como funcionam os sistemas de abertura e fechamento de portas e o de ar-condicionado, fundamental no verão subsaariano do Rio de Janeiro?

Existe como no Metrô um “Terceiro Trilho” que fornece essa energia, mas não como no Metrô, este “Terceiro Trilho”, na verdade, mais se parece com um trilho de cortina.

Além disso, o Aeromóvel não é Monotrilho. Embora ambos sejam sistemas elevados, são bem diferentes. O Monotrilho pode atender uma maior demanda, tem um sistema de funcionamento diferente e tem custos de construção elevados. No caso de São Paulo, chegou próximo ao custo por Km de um sistema de metrô. Por aí já se percebe que é bem diferente do Aeromóvel, e tem também outras diferenças técnicas.

Já falamos sobre o Monotrilho em uma de nossas postagens, vejam abaixo:

Monotrilho na Linha 3 do Metrô ?

E onde entra a “Trilhos do Rio”?

Como todos sabem a Trilhos do Rio não inventa nada, apenas resgata boas ideias do nosso passado, recente ou não, dando a essas ideias uma roupagem moderna. Resgatamos assim uma proposta de 1974, que pretendia criar uma linha de carga para o Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro, e então a partir dessa ideia desenvolvemos o Expresso Carioca.

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O Expresso Carioca é um projeto com três linhas de aeromóvel que congrega várias propostas de mobilidade que nunca saíram do papel. Além de outras inéditas.

Antes de iniciarmos a descrição de nosso projeto é preciso deixar bem claro que a proposta atende a trechos de média capacidade.

O Expresso Carioca é um sistema de múltiplas características que pretende com sua linha tronco, a linha 1:

  • Ligar o Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro ao Aeroporto Santos Dumont;
  • Ligar a Estação Aeromóvel de Gramacho a esses dois aeroportos;
  • Ligar a estação Aeromóvel da Ilha do Governador ao Centro, dando acesso rápido dos insulanos ao centro do Rio de Janeiro;
  • Ligar entre si duas das principais unidades da Petrobras no estado do Rio de Janeiro;
  • Dar aos moradores do Caju um transporte rápido para o centro do Rio, algo hoje inexistente;
  • Dar aos moradores da Vila São Luiz em Duque de Caxias acesso rápido ao centro do Rio de Janeiro.

Este projeto, como todos os outros projetos Trilhos do Rio, pretende ser: tecnicamente perfeito e economicamente viável, atraindo o empresariado para participar do mesmo.


LINHA 1 – Tronco
Ligação Aeroporto Santos Dumont x Gramacho

Estação Gramacho: A linha se inicia e termina em uma estação paralela à atual Estação Ferroviária de Gramacho, estação que, caso os projetos Trilhos do Rio saiam do Papel, passa a ter enorme importância no sistema ferroviário do Rio de Janeiro, sendo inclusive parada do trem para Petrópolis e de diversos outros previstos pela equipe Trilhos do Rio.

Junto à estação Gramacho prevemos ainda um terminal rodoviário.

Estação Reduc: A Estação Reduc, permite aos trabalhadores do Distrito Industrial existente nos fundos da Reduc, e hoje praticamente desativado, acesso fácil a seus locais de trabalho. Também facilita a locomoção de fornecedores e prestadores de serviço a essas empresas, e a fornecedores e prestadores de serviço da própria Reduc.

Estação Parque Gráfico: Na rodovia Washington Luiz está localizado o maior parque gráfico da América Latina, pertencente ao Jornal O Globo. Existem próximas dali diversas empresas que precisam de transporte adequado para seus funcionários, bem como os funcionários do próprio parque gráfico.

Além disso, algumas empresas e instituições também serão beneficiadas:

  • Caxias Shopping;
  • Gráfica do Jornal o Globo;
  • Hospital Dr. Moacir Rodrigues;
  • Centro empresarial Washington Luiz;
  • Moinho Fluminense;
  • Carrefour, Centro de Distribuição.
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Estação Galeão: Acesso do aeroporto aos moradores de Duque de Caxias, e de outros municípios como Petrópolis e Magé, que tenham acesso a Estação Gramacho do Expresso Carioca. Lembrando que muitos funcionários do Aeroporto do Galeão e de empresas em volta dele são moradores da região de Gramacho e Duque de Caxias e se beneficiarão também com o Expresso Carioca.

Estação Hospital Universitário: Acesso a um dos maiores hospitais do Estado do Rio, servindo a pacientes, funcionários e alunos da UFRJ, e a moradores da Baixada.

Estação CENPES: Acesso a uma das maiores unidades de pesquisa mundiais sobre petróleo, propriedade da Petrobras.

Estação Fundão: Próxima à reitoria da UFRJ, vai facilitar bastante a vida dos alunos da Arquitetura e de todos os alunos e funcionários do parque tecnológico da UFRJ, incluindo a COPPE, vindos de Duque de Caxias.

Estação Caju: Dará ao morador do Caju transporte rápido aos aeroportos, à Baixada Fluminense e ao centro do Rio. Também dá acesso à Transpetro, outra empresa da Petrobras. Vai permitir também um acesso mais fácil ao complexo de cemitérios da região.

Estação Rodoviária: Estação multimodal, incluindo integração com VLT e com a Rodoviária.

Estação Cargas/Rodrigues Alves: Inovação do Expresso Carioca, única estação de carga prevista em um projeto de mobilidade no Brasil, atenderá ao Cenpes e a Reduc, ou a qualquer outra empresa interessada no caminho do Expresso Carioca.

Estação Santos Dumont: Estação Terminal e Inicial, fara a ligação com o aeroporto do Galeão e todas as outras estações. É possível ainda, de acordo com estudos, a existência de estações adicionais na Praça Mauá e nas proximidades da Rua Primeiro de Março. E a construção de uma estação em um prédio existente na Candelária, com a linha atravessando o prédio. Ideias do pessoal Trilhos do Rio.

Monotrilho em Chongqing, na China. passando dentro de prédio
Monotrilho em Chongqing, na China. Como alternativa à demolição para a passagem do sistema neste trecho da cidade, foi necessária a implantação da via por dentro do prédio. Isso também pode ser aplicado aqui, já pensaram? Foto: Sohu

Em breve, a segunda parte deste artigo e a continuação do nosso projeto, aguardem e acompanhem!

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Agradecemos a leitura. Até a próxima!

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Autor

  • Mozart Rosa

    Iniciou sua carreira profissional em 1978 trabalhando com um engenheiro que foi estagiário da RFFSA entre 1965 e 1966, que testemunhou o desmonte da E.F. Cantagalo e diversas histórias da Ferrovia de Petrópolis. Se formou Engenheiro Mecânico pela Faculdade Souza Marques em 1992, foi secretário-geral Trilhos do Rio no mandato 2017-2020 e atualmente ocupa o cargo de redator do site, assessor de contatos corporativos e diretor-técnico.

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