✍️ Mozart Rosa
📅 24/07/2020
🕚 12h00
📷 Imagem ilustrativa
───── INÍCIO DA PUBLICIDADE
───── FIM DA PUBLICIDADE
A Volta do Trem Regional de Passageiros no Brasil
Trens Regionais: a proposta Trilhos do Rio
Como já mostrado em nossa sequência de artigos temos infelizmente no Brasil a capacidade, dentro do setor ferroviário, de fazer com que o que já era ruim ficar pior. A eletrificação de linhas de longa distância proposta e promovida pelo pessoal da EFCB foi um grande exemplo disso. Essa iniciativa, parte de um pacote de maldades com o qual o setor foi agraciado no passado, foi mais uma iniciativa da turma da EFCB e fez parte daquelas ações do chamado “Padrão EFCB” termo cunhado e usado por nós aqui na AFTR, para diferenciar do “Padrão Leopoldina”, tema de um futuro artigo nosso que será publicado muito em breve.

Aparentemente os prejuízos bilionários decorrentes da compra de material para eletrificação da Ferrovia do Aço, material que nunca foi usado e se encontra espalhado e abandonado em galpões espalhados pelo estado de São Paulo, além de outro projeto fracassado que foi a tentativa de eletrificação da linha tronco da EFCB ligando o Rio a São Paulo também nunca concluído e posteriormente abandonado, não foram suficientes para mostrar aos defensores de tais ideias que elas são inaplicáveis na pratica. São fracassos esquecidos e não considerados pelos inteligentes de plantão.
Quando se pensa no retorno do trem regional não se deve pensar, para a implantação de tais trens, no uso de veículos elétricos

Lamentavelmente parte da sociedade ainda não atingiu um nível cultural que permita a tais instalações permanecerem ilesas. O risco de vandalismo é enorme. Ocorre frequentemente com o sistema operado pela Supervia, por exemplo. O uso de veículos a diesel é fundamental para o funcionamento satisfatório e seguro do sistema. Ademais os modernos veículos existentes tem consumo próximo ao de ônibus, e com a vantagem de transportar mais passageiros.
Portanto essa ideia, propagada por conta das agendas politicamente corretas de uso de veículos movidos a energia sustentável como a energia elétrica, é simpática mas transposta para o mundo real não se sustenta.
É algo caro para implantar e difícil de fiscalizar.
Um exemplo dessa bizarrice, é a proposta que circula entre alguns integrantes do setor, de utilizar os trens aposentados da Estrada de Ferro Corcovado para a subida da Serra de Petrópolis. Em princípio parece uma boa ideia, mas deixa várias perguntas sem resposta:
- Qual o custo de seguranças armados a cada 100 ou 200 metros para garantir a integridade dos cabos de energia, alimentação desses veículos?
- Como ficará esse custo embutido no valor da passagem?
- O valor da passagem, com esse custo embutido, torna o negócio viável?
- Colocar Policiais Militares para isso, deixando o policiamento comum, seria correto?
- Quanto a construção de uma ou duas subestações de energia, para alimentação e funcionamento do sistema, impactaria no valor total do projeto ?
- E não adianta propor o monitoramento por câmeras. Quem propõe isso nunca viu a velocidade e as técnicas ninja usadas pela turma especialista em roubar cabo telefônico e cabo de energia. Os funcionários da Supervia, que opera em área predominantemente urbana, sabem disso. Imaginem na subida da Serra de Petrópolis que atravessa muitos trechos ermos.

Só para lembrar aos nossos críticos: a Estrada de Ferro Corcovado fica em local relativamente contido, com características geográficas próprias.
Outra lambança em curso em alguns estados é o uso das locomotivas diesel oriundas da RFFSA para tracionar trens de passageiros. Isso também não tem a menor possibilidade de funcionar a contento. Temos repetido exaustivamente aqui em nossos textos.
Trem de passageiro no Brasil nunca deu lucro quando as composições eram tracionadas por locomotivas a diesel

E o motivo é simples: o uso de locomotivas com motores com potência acima de 1000 HP, adequadas para graneis, são inadequadas para passageiros. Isso ocorre pelo consumo desnecessário e estratosférico de combustível. Portanto qualquer projeto de retorno do trem de passageiros que leve em conta o uso de tais locomotivas está fadado ao fracasso, e foi desenvolvido por alguém que na realidade não entende que ferrovia é um negócio, que precisa ser lucrativo.

Abaixo veículos possíveis de serem fabricados no Brasil pela empresa Cearense Bom Sinal. São VLTs, convencionais, mas com o interior modificado. Veículos a diesel e de Bitola Métrica, ideais inclusive para as ferrovias Mineiras.
Veículos com motor de 440 HP, consumo de diesel próximo ao de ônibus rodoviários, sem consumo de pneu e suspensão. Veículos fabricados especificamente para esse objetivo.
Vamos deixar claro o seguinte: essa propaganda, até o presente momento, gratuita, que fazemos de tais veículos, decorre simplesmente do fato de que são os únicos veículos atualmente fabricados no Brasil adequados para transporte regional de passageiros. Se outras empresas começarem a fabricar tais veículos será muito bom para o Brasil e sabendo disso, nós divulgaremos.*

Gostou? Curtiu ? Comente ! Compartilhe !
Agradecemos a leitura. Até a próxima !
*Matéria escrita antes do início da fabricação dos veículos ferroviários pela Marcopolo, e antes da falência da Bom Sinal.
Classificação média