Receba as novidades Trilhos do Rio!

Tempo de leitura:3 minuto(s), 43 segundo(s)

Loading

­
✍️ Mozart Rosa
📅 14/08/2020
🕚 12h00
📷 Prédio da RFFSA – Renan F Souza




───── INÍCIO DA PUBLICIDADE


───── FIM DA PUBLICIDADE




 

Nos capítulos anteriores dessa série você soube como começou a Guerra das Bitolas e como a RFFSA, mais uma vez ela, foi influência nessa saga. Continue conosco, abaixo a continuação dos nossos artigos. Desejamos uma boa leitura!

Prédio-sede da RFFSA no Centro do Rio de Janeiro, ao lado da estação Dom Pedro II (Central do Brasil) Foto: Renan F Souza

 

A megalomania que tomou conta do Brasil na década de 1960 encontrou terreno fértil na RFFSA. Basta ver no prédio sede da antiga RFFSA, hoje usado pela CBTU, o tamanho das salas dos diretores: algumas com mais de 250 m². Nem o Roberto Marinho, ex-presidente da TV Globo, tinha uma sala assim.

O enorme e importante pátio de Visconde de Itaboraí, passagem de trens da Leopoldina. Pelo local passavam trens com destino ao Rio de Janeiro, região de Nova Friburgo, Norte-Fluminense e Espírito Santo, entre outros Fonte: IBGE (imagem colorizada digitalmente)

 

Fora do prédio o descalabro era ainda maior: várias ferrovias foram extintas, linhas estas que reformadas teriam enorme potencial econômico como Rio x Petrópolis, Rio x Friburgo e Rio x Cabo Frio, a antiga Estrada de Ferro Maricá. Trechos que com máquinas mais modernas e mais velozes poderiam gerar receita, que ajudariam a cobrir o monstruoso rombo da RFFSA, foram extintas sem dó nem piedade e em uma velocidade inexplicável. Chegou-se ao cúmulo de se criar um setor para cuidar apenas da extinção de linhas.

Estação Porto das Caixas. à esquerda a linha que seguia para Nova Friburgo e região serrana (antiga EF Cantagalo), à esquerda a linha que seguia para o Norte-Fluiminense. Neste local atualmente não há trilhos nem para um lado nem para o outro. Fonte: IBGE (imagem colorizada digitalmente)

 

As cortesias foram fator não diríamos que decisivo, mas muito importante no desmonte do setor de transporte de passageiros. Isso ajudou bastante a fazer com que as operações em sua maioria fossem deficitárias. E esse foi outro argumento vitorioso usado no desmonte.

Falamos agora sobre uma informação pouco citada em fóruns ferroviários, mas citado com ênfase apenas em textos da AFTR. As locomotivas que puxavam composições de passageiros, tanto nas linhas da EFL como nas linhas da EFCB, eram as mesmas que puxavam cargas, ou seja, locomotivas com motores de mais de 1200 HP ou 1500 HP, fazendo o trabalho que deveria ser feito por locomotivas com motores de 500 HP. Alguém consegue mensurar o desperdício de diesel nessa operação?

Trem “Cacique” da EF Leopoldina Foto: Leonardo Bloomfield

 

Um fato também pouco explorado e pouco comentado é que as ferrovias passaram a ser monopólio do estado, e com o tempo diversas empresas procuraram a RFFSA com o intuito de assumir a operação de várias linhas em vias de extinção e a resposta padrão era a mesma: “é um monopólio do estado”. Segundo vários profissionais da área essa foi a resposta dada quando alguns empresários, e posteriormente a CMRJ, quiseram operar a linha Niterói x Itaboraí. O mesmo teria acontecido na década de 1980, quando uma fábrica de cimento localizada em Cantagalo propôs reconstruir a ferrovia que ligava Cantagalo ao Rio de Janeiro passando por Nova Friburgo, ouvindo um sonoro NÃO. Ferrovia Era Monopólio Estatal. Portanto, caro leitor, antes de defender monopólios como os do Correios ou da Petrobrás, lembre-se dessa história.

VEJA TAMBÉM  A Guerra das Bitolas (2): a influência da RFFSA
Estação Visconde de Itaboraí, atualmente em ruínas Foto: IBGE (colorizada digitalmente)

 

Sobre a linha de Niterói x Itaboraí, como já citado anteriormente, durante a construção da Ponte Rio Niterói um dos viadutos de acesso à ponte simplesmente bloqueou o acesso dessa linha ao porto de Niterói, acabando assim com as possibilidades de uso para exportação dessa linha. A rentabilidade de uma linha inteira foi destruída por estupidez.

Construção em Niterói das alças de acesso da Ponte Rio – Niterói. À direita, um pouco fora do enquadramento da foto encontra-se a estação General Dutra. A linha ferroviária cruzava toda a imagem à meia-altura, mas na foto tudo já estava destruído. Arquivo pessoal Bruno Cantarini (via PUC)

 

Gostou? Curtiu ? Comente ! Compartilhe !
Agradecemos a leitura. Até a próxima !

Feliz
Feliz
0 %
Triste
Triste
100 %
Empolgado
Empolgado
0 %
Sonolento
Sonolento
0 %
Nervoso(a)
Nervoso(a)
0 %
Surpreso
Surpreso
0 %

Autor

  • Mozart Rosa

    Iniciou sua carreira profissional em 1978 trabalhando com um engenheiro que foi estagiário da RFFSA entre 1965 e 1966, que testemunhou o desmonte da E.F. Cantagalo e diversas histórias da Ferrovia de Petrópolis. Se formou Engenheiro Mecânico pela Faculdade Souza Marques em 1992, foi secretário-geral Trilhos do Rio no mandato 2017-2020 e atualmente ocupa o cargo de redator do site, assessor de contatos corporativos e diretor-técnico.

    Ver todos os posts

Classificação média

5 Star
0%
4 Star
0%
3 Star
0%
2 Star
0%
1 Star
0%

One thought on “A Guerra das Bitolas (3): decisões equivocadas

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Post anterior A Guerra das Bitolas (2): a influência da RFFSA
Próximo post A Guerra das Bitolas (4): abrindo mão do faturamento