✍️ Mozart Rosa
📅 05/06/2020
🕚 12h00
📷 Foto de Pew Nguyen, Pexels.com
O que mostraremos depois dessa introdução é algo bem mais amplo do que um simples projeto de reconstrução de ferrovias, é um projeto de reconstrução de nosso estado, destruído governo após governo nos últimos 40 anos.
───── INÍCIO DA PUBLICIDADE
───── FIM DA PUBLICIDADE
O último governo que entendeu a grandeza de nosso estado e que fez obras para o benefício da população, obras que estão aí até hoje, foi o do Governador Marcello Alencar. Antes e depois tivemos uma sucessão de governadores populistas que seguiam à risca o que disse um dos césares romanos “Deem ao Povo Pão e Circo”. Seja construindo o Sambódromo ou outras obras de fachada que pouco ou nada acrescentaram a melhoria de vida da população ou como o quer o atual prefeito construindo barracões para escolas de Samba na área da Leopoldina inviabilizando a operação ferroviária no local.
Temos visto ano após ano a destruição de nossa economia, com os governantes que se sucedem, despreocupados com isso e seguindo o raciocínio de Brizola, se preocupando apenas com os royalties do petróleo. Royalties podem pagar as contas do governo, mas não geram emprego e renda para as pessoas e nem mais impostos para o estado. Vivemos em um ciclo de estagnação econômica que só não vê quem não quer.
Em 1992, perdemos a fábrica da Yakult para São Paulo, depois, por conta disso e dos comentários de bastidores, perdemos para o Paraná a fábrica da Nissin. Em 1996, com a fusão da Sandoz com a Ciba Geigy, criando a Novartis perdemos as fábricas de Resende da Sandoz e a fábrica da Ciba-Geigy em colégio para o Paraná. Mesmo após a cisão do grupo Novartis tornando novamente a Sandoz independente a fábrica da Sandoz, da fábrica da Novartis, elas continuam no Paraná no município de Cambé. A fábrica da Ovomaltine em Resende fechou e foi para São Paulo. A Cremogema que era uma empresa independente e ficava em Resende foi vendida para a Unilever, fechou e foi para São Paulo.
A Nestlé tinha uma fábrica em Barra Mansa que um dia chegou a receber leite por trem, fechou… tinha uma fábrica em Três Rios e a vendeu para a Piracanjuba, O que nosso estado tem, ou não tem, para afastar as empresas?
A General Eletric (GE) tinha em Maria da Graça um parque industrial, desde o início do século XX, com 12 instalações industriais dentro: painéis, medidores domiciliares, lâmpadas e outros produtos da GE tudo era fabricado ali. Começou com os painéis, depois os medidores que foram para o Paraná, aos poucos o complexo industrial foi se esvaziando, com o tempo com a opção do Brasil pelas lâmpadas eletrônicas ou de Led, o complexo industrial fechou, chegou a empregar mais de 3000 pessoas e hoje não emprega ninguém, e as lâmpadas eletrônicas existentes hoje no Brasil em sua quase totalidade são importadas e reembaladas. Por quê? A GE Healthcare, que fabrica equipamentos médicos ultrassofisticados, fica em São Paulo. Por quê?

A Vulcan Material Plástico ficava na Estrada do Colégio, ao lado da Ciba Geigy, fabricava painéis de automóveis, cartões de crédito e o Contact, plástico adesivo multicolorido. Ela vendeu a linha do Contact para uma empresa paulista, a linha de cartões de crédito para outra empresa paulista e a linha de painéis de automóveis para outra empresa paulista.
A maioria delas estava ou seria localizada em Resende, local com o maior IDH do estado (A inexistência da rodovia das águas pode explicar um pouco).
O que aconteceu? O que está acontecendo?
A Marcopolo recentemente fechou sua fábrica no Rio e foi para o Espírito Santo, o que não teria acontecido se essas propostas que fazemos tivessem sido implementadas na época em que foram feitas. Após confirmar que nada aconteceria, fecharam a fábrica e se mudaram para o Espirito Santo, sendo que no Rio de Janeiro ficam os maiores clientes dessa empresa, como a Útil e a 1001.
Nosso objetivo é gerar empregos para a população capixaba?
Sem xenofobismo à população, mas como carioca, queremos gerar emprego e melhoria de vida para a nossa.
“Farinha pouca, meu pirão primeiro”
A própria fábrica de chocolate Bhering de propriedade de um dos maiores empresários que o Rio de Janeiro já teve, o Sr. Ruy Barreto, terceirizou sua produção para fábricas de outros estados e transformou sua antiga fábrica de enorme valor histórico em centro cultural.
A av. Brasil, que já foi uma região pujante, virou um cemitério de empresas.
Tínhamos na av. Brasil duas fábricas de hélices de navios. Com a queda da indústria naval em nosso estado, essas fábricas fecharam.
E a Codin, hoje, para que serve?
A Valesul em Santa Cruz fechou por conta dos custos de energia.
Tivemos no Distrito Industrial de Campo Grande uma unidade da Nashua, fábrica de copiadoras, ela fechou e essa empresa saiu do Brasil.
Citamos até agora empresas de grande porte, excluindo a Bhering, uma empresa considerada de médio porte. Citemos então a Eninco, uma fábrica de aros de bicicleta de médio porte que chegou a montar na Fazenda Botafogo uma fábrica de aros de motos para atender a Honda, e ela acabou. A fábrica da Fazenda Botafogo a Honda comprou e levou para outro estado, e a fabricação de aros de bicicleta desapareceu. Hoje temos empresas fabricantes de aros em qual estado?
Um doce para quem responder!
Não, dessa vez não foi São Paulo, mas por exclusão, só pode ser no Paraná, e é mesmo.
E aproveitando que falamos em doces, que lembrança você tem da Fábrica da Kibon, tradicional empresa produtora de sorvetes? Muitos de nossos leitores visitaram a fábrica, em excursões escolares, que ficava no bairro da Mangueira. E então, o que acham que aconteceu? Cadê a Kibon?
Tivemos em Ramos na década de 1980 uma fábrica de tubo de imagens em preto e branco que era a maior da América Latina e fornecia para a China e também para uma fábrica de TVs. Em Jacarepaguá existiu uma fábrica de máquinas de seleção de grãos. E o que aconteceu? Sim…
A RJ Reynolds em Nova Iguaçu fechou, a Souza Cruz já teve diversas unidades no Rio de Janeiro, hoje não tem nenhuma, a Cargil Agrícola em Nova Iguaçu fechou, CBV na Fazenda Botafogo e diversas unidades fecharam.

E piora quando vemos os militares, forças especiais do exército se transferindo para Goiás, a Força Aérea querendo fechar bases no Rio…
O sistema bancário é uma outra lástima. O Banco Boavista acabou e a seguradora do Bradesco foi para São Paulo.
E só piora, vejam…
- Tivemos fábricas da Gilette na Avenida Suburbana e na Dutra. Fecharam.
- Fleischmann Royal em Petrópolis, que recebia melado por trem, e em São Cristóvão, mudaram de estado quando se tornaram duas empresas.
- Alpha Café solúvel em Petrópolis, fechou.
- Leite Minho tinha fábrica em Acari, fechou, A CCPL em Benfica fechou.
- A FRB – Koyo, Fábrica Brasileira de Rolamentos que ficava na rua Moacir de Almeida, em Cavalcante, fechou. A própria rua Moacir de Almeida, que teve no passado diversas indústrias e chegou a ter uma revenda Chrysler, sofrendo uma decadência assustadora.
- Recentemente, a M.Agostini, fabricante das garrafas térmicas Aladim, próximo ao Nova América, encerrou suas atividades.
O estado do Rio tem perdido ao longo dos anos suas indústrias em todos os setores, apesar de não ser algo exclusivo do estado. Mas a Piracanjuba, citada anteriormente, construiu a maior fábrica de queijos do Brasil, para produzir leite e muçarela, no Paraná.
E paramos por aqui, citamos aqui apenas alguns casos, mas a lista é enorme.
Novamente as mesmas perguntas:
O que aconteceu? O que está acontecendo?
O que o Paraná e São Paulo têm de melhor do que nós?
Por que essas fábricas migraram para lá?
Por que empresas ao pensar em construir novas fábricas no Brasil nunca pensam no estado do Rio de Janeiro?
E esses empregos, que são o mais importante, foram para o espaço.
Seria bem interessante procurar o Sindicato dos Metalúrgicos do Rio de Janeiro, o Sindmetal, que fica na rua Ana Neri, 152 em São Cristóvão, consultar seus arquivos e tomar ciência da realidade de nossa desindustrialização, pelo maior interessado em que isso não aconteça mais, que é esse sindicato, que precisa de indústrias para ter associados.
Seria bem interessante também que o governador criasse para seus secretários um índice de qualidade. Assim como um Coronel da PM precisa diminuir a criminalidade na área de seu batalhão para ser auferida a qualidade de seu trabalho, o Governador poderia criar em algumas de suas secretarias índices para auferir a qualidade de seus secretários. Quem não chegasse próximo daquele índice seria substituído. Algo bem interessante de ver.
Para que serve a Secretaria de Desenvolvimento Econômico e de Geração do Emprego do estado, que permitiu ao estado perder em 2021 a fábrica da Marcopolo com 750 empregos, com a promessa de contratar mais 750, se os projetos que propomos prosperassem?
Quantas empresas foram criadas durante a gestão de Lucas Tristão, secretário de Desenvolvimento Econômico e Geração de Emprego e Renda, o mesmo podemos perguntar ao seu sucessor, o advogado Marcelo Lopes. Nada contra esses senhores, mas são perguntas que como cidadão acreditamos ainda ser possível de serem feitas.
Desde o governo de Leonel Brizola, que tinha uma atitude hostil com o empresariado, temos perdido empregos, a economia carioca tem se sustentado nos royalties do petróleo, mas e se isso acabar? Nem todo mundo trabalha ou tem vocação para trabalhar para a indústria do petróleo. Que resposta nossos parlamentares ou membros do executivo têm para esse esvaziamento constante e que é nítido.
Por último, uma perguntinha que também nunca é respondida. Temos um vizinho sem saída para o mar quase do tamanho da Espanha. Porque nunca se propõe ações visando, pela sinergia que existe entre a população e à indústria dos dois estados, uma integração econômica?
Afinal, temos algo que eles não têm, temos portos.
Será que só nós da equipe Trilhos do Rio conseguimos enxergar isso?
Seria por isso que dizem que “Temos a visão além do alcance”.
Temos propostas para o retorno das ferrovias visando o desenvolvimento econômico e integração econômica com o estado de Minas Gerais.
Fica a pergunta: até o momento, as propostas apresentadas por terceiros não surtiram efeito. Não seria interessante pensar em usar as nossas?
Obrigado aos que chegaram aqui.
Classificação média