Receba as novidades Trilhos do Rio!

Tempo de leitura:4 minuto(s), 24 segundo(s)

Loading

Com informações da Agência Infra*




───── INÍCIO DA PUBLICIDADE


───── FIM DA PUBLICIDADE




 

Nos últimos 10 anos, mais de 160 milhões de toneladas de minério de ferro foram escoadas pelo terminal portuário do Porto do Açu (RJ), um projeto que, no início do século XXI, estava repleto de dúvidas e dependia da construção de um mineroduto considerado o maior do mundo. O sucesso da Ferroport, a empresa responsável pela operação do terminal, é notável, especialmente considerando o ceticismo da época. O minério, proveniente de Conceição do Mato Dentro (MG), percorre quase 530 quilômetros até o Açu. Contudo, o potencial de crescimento da empresa poderia ser ainda maior se, nesta década, a infraestrutura de acesso tivesse evoluído mais, incluindo a implementação de uma ferrovia.

Em entrevista à Agência iNFRA, o CEO da Ferroport, Carsten Bosselmann, detalhou que a empresa investiu cerca de R$ 500 milhões na primeira década de operação. Isso possibilitou que o cais atingisse 50% de sua capacidade operacional. Bosselmann acredita que investimentos simples, voltados para a ampliação da capacidade do pátio, poderiam impulsionar ainda mais a produção, que atingiu quase 25 milhões de toneladas em 2023. Segundo ele, o projeto foi concebido para atingir 26,5 milhões de toneladas anuais, mas a produção ainda não alcançou esse patamar devido a limitações na mina. O terminal, por sua vez, está subutilizado, com a ocupação do berço do porto abaixo de 50%, o que significa que, durante metade do ano, o terminal opera sem navios.

Bosselmann destacou que a ampliação da mina pela Anglo American, planejada para os próximos dois a três anos, poderia solucionar parcialmente esse problema. No entanto, um crescimento substancial além dos 30 milhões de toneladas por ano será inviável sem uma ferrovia que conecte o Porto do Açu a outros sistemas ferroviários, como os que vêm de Minas Gerais através do Espírito Santo. Essa ferrovia foi concedida à FCA (Ferrovia Centro Atlântica), mas encontra-se inoperante. Embora o projeto de revitalização da ferrovia esteja em andamento, essa solução já vem sendo discutida há mais de uma década, sem grandes avanços até o momento.

“A Prumo está trabalhando intensamente com os governos para revitalizar a ferrovia que ligava o Rio de Janeiro a Vitória. Se conseguirmos avançar nesse projeto, a expansão não só da Ferroport, mas do porto como um todo, se dará de forma muito mais acelerada”, explicou Bosselmann, referindo-se à importância da ferrovia para o crescimento do terminal.

VEJA TAMBÉM  Do Rio de Janeiro a Angra dos Reis por trilhos

Enquanto aguarda uma maior disponibilidade de cargas, a Ferroport vem investindo em aprimoramentos internos, focando em pessoal, meio ambiente e tecnologia. No aspecto de recursos humanos, a empresa tem investido no desenvolvimento de lideranças internas e na qualificação da mão de obra local, oferecendo treinamento e bolsas de estudo. De acordo com Bosselmann, a companhia tem conseguido absorver anualmente novos trabalhadores da região.

No setor ambiental, a Ferroport adquiriu uma geradora eólica na Bahia, o que permite que todo o terminal opere com energia 100% renovável, gerando 37 mil MWh anualmente. Em 2023, a empresa também alcançou a meta de zero produção de resíduos enviados a aterros, o que foi certificado. Agora, a companhia está focada em descarbonizar seus equipamentos operacionais, desde os ônibus que transportam empregados até as máquinas utilizadas nas operações do porto.

O maior foco da Ferroport, no entanto, está na inovação tecnológica. A empresa está implementando um projeto de gestão de ativos, com investimentos em equipamentos autônomos capazes de separar o minério por tipos específicos desde a produção até a chegada ao terminal. Isso visa aumentar a produtividade e a eficiência. Além disso, a Ferroport está investindo em sistemas de gestão preditiva para suas máquinas, com o objetivo de minimizar o tempo de inatividade e aumentar a disponibilidade das operações. “Estamos investindo entre R$ 30 a R$ 40 milhões nesse projeto, em parceria com algumas das maiores empresas do Brasil”, afirmou Bosselmann.

O sistema de monitoramento da Ferroport é altamente avançado, contando com milhares de sensores que permitem prever falhas nas esteiras e reduzir o tempo de parada das operações. Segundo o CEO, a disponibilidade do terminal é de 92%, e a empresa trabalha para garantir que o mineroduto opere 24 horas por dia, sete dias por semana, sem interrupções.

O terminal do Porto do Açu é o principal ponto de escoamento da Anglo American no Brasil e também é utilizado pela empresa para exportação de outros minerais comprados no país. No entanto, como o terminal foi projetado especificamente para o minério de ferro a granel, Bosselmann acredita que seria difícil operar outros tipos de produtos de forma eficiente. “Nosso terminal é muito dedicado ao minério de ferro a granel. Embora a Anglo traga outros minérios, é complicado operar outros produtos no mesmo terminal”, disse o CEO.

Por fim, Bosselmann mencionou que, apesar de a Ferroport estar considerando explorar novos mercados e terminais, a empresa ainda não vê o momento adequado para entrar em novos projetos. Isso inclui o leilão da Área do Meio, um grande terminal de minério no Porto de Itaguaí (RJ), que será licitado em dezembro. Para o CEO, a prioridade da empresa no momento é consolidar e expandir suas operações no Porto do Açu antes de explorar novas oportunidades.

VEJA TAMBÉM  Acordo firmado entre o governo e a Supervia é homologado pela justiça

 

Texto escrito em 20 de novembro de 2024 às 14h44
Última atualização em 20 de novembro de 2024 às 14h44
Imagem de capa: Site Portos e Navios

Feliz
Feliz
0 %
Triste
Triste
0 %
Empolgado
Empolgado
0 %
Sonolento
Sonolento
0 %
Nervoso(a)
Nervoso(a)
0 %
Surpreso
Surpreso
0 %

Autor

  • O Departamento de Pesquisas e Projetos Trilhos do Rio surgiu como um grupo de amigos, profissionais, entusiastas e pesquisadores ferroviários que organiza, desde o ano de 2009, eventos, atividades e pesquisas, tanto documentais quanto em campo, sobre a história e patrimônio ferroviário do estado do Rio de Janeiro, com o objetivo de resgatar, preservar e divulgar a história e memória dos transportes sobre trilhos fluminenses. Entre os anos de 2014 e 2021 fomos formalizados como uma ONG, a Associação Ferroviária Trilhos do Rio, e desde 2024 fazemos parte, como um departamento, da Associação Ferroviária Melhoramentos do Brasil

    Ver todos os posts

Classificação média

5 Star
0%
4 Star
0%
3 Star
0%
2 Star
0%
1 Star
0%

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Previous post Confira as alterações nas operações sobre trilhos durante o G20
Next post As compras à distância e as ferrovias
Social Media Auto Publish Powered By : XYZScripts.com