✍️ Wilson PS
📅 04/06/2025
🕚 14h39
📷 Wilson PS, projeto a Leopoldina renasce na arte
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A notícia apresentada a seguir corrobora o que é amplamente divulgado: em 1976 ocorreu a extinção dos trens suburbanos de bitola métrica que ligavam a gare Barão de Mauá à Vila Inhomirim e Guapimirim, no trecho entre Duque de Caxias e a gare da Leopoldina. A medida ocorreu com o objetivo de dar início às obras de troca de bitolas no trecho entre São Cristóvão e Barão de Mauá, antes os trens elétricos do sistema da Leopoldina eram restritos ao terminal Francisco Sá, dali os trens circulavam até a estação da Penha Circular, sendo o serviço expandido até a estação de Duque de Caxias em 1970. Da estação Francisco Sá, também foram implementadas partidas para Belford Roxo.
À medida que resultou na paralisação do movimento de trens suburbanos de bitola métrica em Barão de Mauá foi deveras radical, não havia esta necessidade caso optassem pela implantação de um terceiro trilho nas linhas existentes no acesso às plataformas do terminal, assim composições elétricas de bitola larga e diesel da bitola estreita compartilhariam as mesmas vias sem nenhuma interrupção dos serviços oferecidos na época pela Leopoldina.
Ou seja, as partidas para Vila Inhomirim e Guapimirim seriam mantidas, talvez até hoje.
A fusão das duas ferrovias, Central e Leopoldina, jamais foi vista com bons olhos pelos funcionários da Leopoldina (mais uma vez a Guerra das Bitolas), sobretudo por terem cada uma identidade própria. Cada uma possuía sua estação terminal, e ambas muito movimentadas. A Leopoldina foi muito prejudicada com a “mistura”. Eu fico imaginando que teria sido muito melhor o subúrbio da Leopoldina ter sido eletrificado na sua bitola original, imagino as vias modernizadas à semelhança das ferrovias asiáticas em expansão, a Keretapi – Indonésia e KTM da Malásia com seus moderníssimos “Sistemas de Trens Elétricos” – ETS.
Imaginem, atualmente, composições elétricas modernas de bitola métrica ligando o terminal Barão de Mauá à Vila Inhomirim e Guapimirim, a diferença de bitola não seria problema algum.
A troca de bitola nos subúrbios da Leopoldina foi um erro incomensurável, hoje, está mais que comprovado que foi um projeto meramente político. E como sempre, quando, inevitavelmente, há mudança de gestores públicos, o compromisso é sempre quebrado por conta de ideologias antagônicas, a população sempre perde com isso.
A recém-criada Divisão Especial de Subúrbios, em 1975, poderia muito bem ter mantido o padrão Leopoldina, claro que, com devidas melhoras no sistema, deveriam ter mantido a ligação Barão de Mauá, Vila Inhomirim e Guapimirim, evitando assim as baldeações em Duque de Caxias e Saracuruna. A medida tornou estas duas estações intermediárias em estações terminais, forçando os passageiros a tumultuadas baldeações antes inexistentes. Antes, todas as composições dos serviços de subúrbios de bitola métrica convergiam para o grande terminal Barão de Mauá.
O texto deixa claro a ousadia e a complexidade do projeto, previa-se o alargamento de duas vias das quatro vias de bitola métrica com o reposicionamento das outras duas remanescentes desde Barão de Mauá, lingando o terminal à Vila Inhomirim, contemplando posteriormente Magé onde foi construído uma nova estação idêntica à nova estação de Gramacho com plataformas para os trens elétricos de bitola larga. Previa-se, a curto prazo, estender os serviços até Guapimirim.
Pouco, do que se previa no audacioso projeto, se concretizou. O trem elétrico chegou em via dupla até Gramacho em 1980, e somente na década seguinte foi estendido o serviço em via singela até Campos Elísios, um serviço extremamente precário, só funcionando em horários de pico.
Mais uma década se passou para os trens elétricos chegarem até Saracuruna, também em via singela, de onde jamais a linha avançou.
O texto também fala que o projeto da RFFSA prometia a construção de oficinas para o sistema, mas foi justamente o contrário o que aconteceu, demoliram oficinas existentes. As oficinas de manutenção de carros de passageiros dos subúrbios e o depósito de locomoção diesel de Barão de Mauá e a oficina de apoio instalada em Vila Inhomirim pela antiga Leopoldina, foram demolidos, na época a velha estação de Vila Inhomirim foi demolida, e em seu lugar, ergueu-se a nova estação, já preparada para receber composições elétricas de bitola larga, isso jamais aconteceu.
A matéria, porém, é um valioso documento para os pesquisadores, uma prova de que políticas públicas irresponsáveis são prejudiciais, pouca coisa saiu do papel.
O serviço de trens no terminal Barão de Mauá foi interrompido por desinteresse operacional. O trecho de bitola métrica remanescente apenas serve ao reduzido circuito ferroviário de trens urbanos, entre Saracuruna e Vila Inhomirim – Guapimirim, que não recebe investimentos significativos há décadas.
Em relação ao trecho: Niterói x Alcântara x Visconde de Itaboraí, nada foi feito, o que proporcionou o sucateamento do material rodante e a má utilização da linha. Infelizmente, o descaso resultou no abandono e furto dos trilhos e dormentes em toda extensão do trecho supracitado, igualmente a ligação Visconde de Itaboraí x Magé.
A matéria de então, hoje, revela-se como propaganda enganosa promovida pela “saudosa” Rede Ferroviária Federal, para mim, nem tanto saudosa, ainda que em sua gestão mereça méritos, também há espaço para críticas.
Mesmo assim, apesar do papo furado dos gestores do governo e da estatal, no tempo da RFFSA ainda tínhamos trens para várias regiões, hoje o que restou daquele tempo consiste num sistema extremamente caótico.
A velha política (que só promete e nada cumpre), perdura, é a mesma daquela época.
Obrigado aos que chegaram aqui, com mais esse texto esclarecedor sobre o passado recente de nosso sistema ferroviário, escrito por quem esteve lá presente.
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