✍️ Mozart Rosa
📅 29/04/2025
🕚 19h32
📷 Acervo Benício Guimarães
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Introdução
Esse texto pode ser considerado um complemento do texto já publicado pelo site Trilhos do Rio sobre a E.F. Cantagalo, onde mostramos mais um exemplo bem-sucedido do que foi o “Estilo Leopoldina de Ser”.
Com esse texto atual queremos mostrar a burrice da extinção dessa primeira ferrovia citada e a burrice também, que foi a extinção da E.F. Melhoramentos do/no Brasil, mostrar a incompetência empresarial da RFFSA, a omissão do atual governo que na época da extinção da E.F. Melhoramentos (a chamaremos assim neste artigo), administrava o país e a omissão dos respectivos governos estaduais do Rio de Janeiro e Minas Gerais da época permitindo a extinção de uma ferrovia que foi de extrema importância para o desenvolvimento econômico da Zona de Mata e do interior de Minas Gerais, além da nítida falta de visão dos formuladores atuais de políticas de logística dos atuais governos dos estados do Rio de Janeiro e Minas Gerais além de fazer o que sabemos e fazemos muito bem que é contar um pouco da história dessa incrível ferrovia sucateada por pessoas sem a menor noção do significado das palavras desenvolvimento econômico, logística ou transporte ferroviário.
Basta clicar na busca de nosso blog, digitar a palavra logística e aparecem diversos artigos nossos mostrando isso.
Infelizmente, vamos falar também sobre política e sobre correntes políticas, o que em um país polarizado atualmente como o nosso sempre é um problema. Mas precisamos falar sobre isso para que as pessoas entendam o que está acontecendo nos bastidores do governo e para que todos entendam o motivo do fracasso atual das nossas ferrovias e dos novos projetos ferroviários, sem as famosas teorias estapafúrdias sem nenhum embasamento.
E.F. Melhoramentos: Um pouco da sua história.
A E.F. Melhoramentos foi uma ferrovia construída por Paulo de Frontin, ligando a capital de nosso estado ao atual município de Além Paraíba – RJ, antigo Porto Novo do Cunha.
A E.F. Melhoramentos teve enorme importância para o desenvolvimento da zona da mata mineira, trazendo para o Rio de Janeiro produtos e pessoas da região e vice-versa. Ao se conectar com a E.F. Leopoldina aumentando sua abrangência e aumenta sua importância para a economia da região.
Porto Novo do Cunha durante anos foi um importante porto da região.

Falar da E.F. Melhoramentos sem falar de Paulo de Frontin, seu construtor, é enorme desrespeito a um dos nossos maiores engenheiros, e homem de enorme visão que o Brasil já teve. Aqui falaremos um pouco sobre ele.
Nascido em 17 de setembro de 1860 em Petrópolis e falecido em 15 de fevereiro de 1933 aos 72 anos, no capital da República, foi prefeito da então capital, senador, deputado Federal, geógrafo, mas se notabilizou como Engenheiro. Com apenas 29 anos e com a parceria do engenheiro Belford Roxo, levou água ao centro do Rio de Janeiro no episódio que ficou conhecido como a “água em seis dias”, um feito inigualável. Foi presidente do Clube de Engenharia por 30 anos e ali encontram-se disponíveis diversos discursos dele defendendo a bitola métrica e mostrando seus motivos para isso.
Se algum defensor da bitola larga questionar isso, certamente se considera melhor do que Paulo de Frontin, teremos à nossa frente ou um gênio, ou um maluco.

Foi fundador também do Derby Club do Rio de Janeiro na área onde hoje está construído o Maracanã, ampliou a av. Atlântica, construiu a Av. Delfim Moreira, foi amigo de Santos Dumont, foi responsável pela construção da Av. Central, posteriormente rebatizada de Av. Rio Branco, e duplicou linha de trem da E.F.C.B. na subida da serra das Araras. Paulo de Frontin era o homem com a visão Além do Alcance, esse, sim, merece o título de homem de visão. Falar do gênio que ele foi, ainda demanda muita coisa, nos fixaremos em uma de suas melhores obras que foi a construção da E.F. Melhoramentos, e daquilo que ninguém fala, que poderia se aproveitado, ter ajudado o Brasil e o interior de Minas Gerais a se desenvolver, mas foi esquecido pelos homens da máscara de chumbo, gente sem visão nenhuma (fortes doses de ironia).
Ou pelos homens de geleia, e como temos homens de geleia hoje no Brasil.
Paulo de Frontin foi diretor da nascente E.F.C.B. empresa substituta da E.F. D. Pedro II, e se recusou a aplicar o tabelamento dos fretes, medida aprovada no congresso, tendo que fazê-lo obrigado pelo presidente da época, provavelmente sabendo dos problemas que isso criaria ao setor.
Sobre a E.F. Melhoramentos, foi uma ferrovia que era pura inovação. Lamentavelmente, hoje destruída de forma criminosa. E o pior é que poucos lembram disso. Mas lembrar da RFFSA, chamá-la de saudosa, esquecendo seus prejuízos monumentais e do que ela representou para o fracasso ferroviário do Brasil esse “pequeno” detalhe, é varrido para debaixo do tapete.
A escolha do nome Melhoramentos teve tudo a ver com como Paulo de Frontin via o Brasil e sua profissão: obter Melhoramentos para o Brasil. Paulo de Frontin foi um gigante ético e profissional. Acreditava no sucesso do Brasil. O objetivo era conseguir Melhoramentos, realizar, construir estradas de ferro e portos, abrir oficinas, levantar a produção agrícola e industrial.
A E.F. Melhoramentos teve seu primeiro trecho inaugurado em 25 de março de 1898, ou seja, na data da publicação desse artigo em 2025, teria 127 anos de construída, e continua a ser uma ferrovia revolucionária apesar de hoje parcialmente destruída.
- Foi a primeira ferrovia brasileira a negociar com outra ferrovia, a nascente Companhia Estrada de Ferro Leopoldina, nome inicial da E.F. Leopoldina, direito de passagem.
- Subiu a Serra da Viúva por adesão direta e sem a construção de túneis. Paulo de Frontin, por esse feito, foi reconhecido em todo o mundo. Segundo uma tradição inglesa para descida ou subida de serras que aqui no Brasil temos como maior exemplo a descida da Serra de Paranapiacaba para Santos, construída pelos ingleses, nela era usado o sistema funicular, as cremalheiras ainda não tinham sido inventadas, e Paulo de Frontin ignorou tudo isso e construiu a passagem da E.F. Melhoramentos, pela Serra da Viúva por adesão direta.
- Tinha o maior e único viaduto ferroviário metálico, do mundo, em curva. Fabricado na Bélgica a partir de projeto de Paulo de Frontin.
- Adquiriu importância econômica bem maior quando a E.F. Melhoramentos já com a E.F. Leopoldina, construiu um entroncamento em Três Rios com a Cia. União Mineira, ligando o Estado do Rio de Janeiro com essa ferrovia que adentrava Minas Gerais passando por cidades mineiras importantíssimas como Viçosa, Arcos, Visconde do Rio Branco, Bicas e tinha estação terminal no município de Caratinga, onde cargas e passageiros oriundos de Minas Gerais chegaram ao Rio de Janeiro, citamos apenas algumas, mas foi uma ferrovia extinta como quem exterminaria algo daninho.
Tudo isso foi desconsiderado tanto na destruição da E.F. Melhoramentos quanto desse trecho da Cia. União Mineira, posteriormente adquirida pela E.F. Leopoldina em 1884. 600 km de ferrovia extintos, provavelmente por motivos escusos. Mais um episódio da Guerra das Bitolas que só a AFTR mostra. Pesquisem em nossa página Dom Silvério x Nova Era, e vejam o mais escabroso e criminoso evento envolvendo ferrovias que provavelmente aconteceu no Brasil.
- Ao se unir à E.F. Leopoldina em Três Rios, a linha que ia até Carangola aumentou mais ainda sua importância para a economia mineira.
- A E.F. Melhoramentos adquire uma importância maior para o Brasil quando entendemos que Paulo de Frontin, ao construí-la em bitola métrica percebe que essa é a bitola adequada para o Brasil, defendendo isso diversas vezes em artigos e em palestras inclusive no Clube de Engenharia (documentação disponível para consulta).
- A E.F. Melhoramentos ao negociar com a nascente Companhia Estrada de Ferro Leopoldina, o direito de passagem, muda todo paradigma da construção de ferrovias no Brasil, que visava apenas exportação e interioriza o Brasil, criando o conceito de ferrovias contíguas, criando bases para um sistema ferroviário que infelizmente nunca foi a frente.
- A E.F. Melhoramentos foi uma das ferrovias mais importantes para o desenvolvimento econômico da zona da mata mineira, graças à interligação com as ferrovias existentes na região e ninguém fala nisso. Deputados Mineiros, cadê vocês?
- A Ferrovia sempre traz progresso. Infelizmente, a maioria de nossos políticos não entende isso. Além Paraíba, novo nome de Porto Novo do Cunha, parada final da E.F. Melhoramentos, tornou-se uma cidade tão próspera com a ferrovia, que chegou a ter uma linha regular de bondes elétricos, isso hoje não existe mais. Temos apenas uma decadente cidade do interior.
Paulo de Frontin ao fazer a modelagem comercial de sua ferrovia, a E.F. Melhoramentos sem usar esse nome que foi criado por nós, cai de cabeça no “Estilo Leopoldina de Ser”, a E.F. Melhoramentos foi uma ferrovia de uso misto, carga e passageiros e ganhou muito dinheiro com isso, infelizmente fracassou posteriormente como diversas ferrovias brasileiras, pelo tabelamento de fretes, imposto pelos primeiros governos Republicanos que sucederam ao Império e a E.F. Melhoramentos era uma grande transportadora de café.
Infelizmente, no começo do século XX, Frontin negocia sua venda para a E.F.C.B.
Ao apresentar entre seus projetos para a reconstrução da E.F. Melhoramentos, agora com o nome de Ferrovia Centro Sul Fluminense, ampliada com ramais bem interessantes e apresentando novas oportunidades de negócios, o Departamento de Pesquisas e Projetos Trilhos do Rio não está defendendo utopias, está defendendo formas de desenvolvimento econômico para as cidades do estado do Rio de Janeiro, por onde ela vai passar e viabilizando que empresários mineiros ou não construam ferrovias que vão se conectar a Ferrovia Centro Sul Fluminense e chegar ao centro do Rio de Janeiro.
Projeto Trilhos do Rio II – Ferrovia Centro-Sul Fluminense (1)
Projeto Trilhos do Rio II – Ferrovia Centro-Sul Fluminense (2)
Temos uma postagem sobre Direito de Passagem onde é explicado de forma didática esse assunto. Onde propomos tirar o protagonismo da construção e da proposição da construção de ferrovias do governo federal para os governos estaduais e empresários.
Municípios fluminenses, como Miguel Pereira, Japeri, Paty do Alferes, Paraíba do Sul, Além Paraíba, tiveram enorme desenvolvimento econômico com a construção dessa ferrovia e podem voltar a ter com a reconstrução dela.
Ao absorver, já como E.F. Leopoldina a malha da E.F. União Valenciana, isso trouxe enorme desenvolvimento para os municípios de Vassouras e Valença, sendo construída em Valença a maior oficina de construção de vagões da E.F. Leopoldina.



A E.F. Melhoramentos foi o primeiro exemplo de interconexão de ferrovias, promovendo o desenvolvimento regional de um estado, e isso foi para o ralo quando ela virou Linha Auxiliar. Tudo isso foi jogado fora. Tudo foi esquecido. Os próprios escritos e ideias e ideais de Paulo de Frontin também o foram, um dos maiores engenheiros do Brasil ficou sendo conhecido apenas como nome de uma cidade do interior do estado do Rio de Janeiro, e uma avenida no Rio de Janeiro de triste lembrança por conta do desabamento de um elevado na década de 70. Paulo de Frontin é considerado o patrono da engenharia brasileira e poucos conhecem as suas realizações.
O desenvolvimento econômico dos estados do Rio de Janeiro e de Minas Gerais, passa pela integração econômica dos dois estados e pela reconstrução de ferrovias integrando os dois estados, e certamente a E.F. Melhoramentos foi e será caso reconstruída a mais importante delas. A reconstrução da E.F. Melhoramentos, atualizada com o nome de Ferrovia Centro Sul Fluminense, pode fazer ressurgir economicamente muitos municípios mineiros e fluminenses.
Um pouco mais sobre Paulo de Frontin.
Melhoramentos, sinônimo de Paulo de Frontin. Essa palavra resume o que Paulo de Frontin buscou em vida para suas obras. Melhoramentos da cidade onde foi prefeito, melhoramentos do transporte ferroviário por meio de suas obras, melhoramentos da população da cidade por meio de suas obras, melhoramentos do Brasil, pelas suas ações como deputado ou senador. Que falta nos faz homens como ele.
- Em 1910, nomeado diretor da E.F.C.B. Paulo de Frontin elabora projetos visando criar um inédito sistema ferroviário nacional, propondo a extensão da E.F. Noroeste do Brasil até o Porto de Arica no Pacífico. Imaginava essa ferrovia como abscissa do sistema ferroviário idealizado por ele.
Sobre essa proposta de ferrovia, faremos aqui duas homenagens póstumas. Aos Engenheiros Estanislau Luiz Bousquet e Luiz Whately, profissionais cariocas que participaram da construção do trecho da E.F. Noroeste que atravessa o Pantanal, ligando Bauru a Corumbá. Relatos dessa aventura estão nas publicações do Clube de Engenharia.
- Para a ordenada, imaginou o prolongamento da linha de centro da E.F.C.B. Até Belém do Pará, a partir do município mineiro de Pirapora, sonho dos irmãos Rebouças, e propôs a formação de uma rede geral de ferrovias nos estados do Rio de Janeiro, Minas Gerais, São Paulo e Espírito Santo. Algo nunca proposto por ninguém depois dele e que nós aqui constantemente estamos propondo isso.
Sobre essa ferrovia proposta de Pirapora a Belém-PA, que nunca saiu do papel, é interessante lembrar que a rodovia Belém x Brasília foi toda construída a partir da documentação e do estaqueamento deixado pelos agrimensores e engenheiros contratados por Paulo de Frontin. Isso facilitou bastante a posterior construção dessa rodovia, mais de 40 anos depois.
- Construiu o trecho ferroviário entre Santa Cruz e Mangaratiba, que originalmente deveria ir até Angra dos Reis, iniciando esse trecho pela estação de Itaguaí, inaugurada em 1912.

- Duplicou o trecho ferroviário da Serra do Mar entre Belém (Japeri) até Barra do Piraí. 46 km, em dezessete meses, contrariando Pereira Passos que propôs essa duplicação em 1880 e em documentos afirmava ser preciso pelo menos 5 anos. Frontin inicia as obras de duplicação em fevereiro de 1913 adotando diversos critérios, entre eles não interromper o tráfego da linha e não atrapalhar a vida das comunidades existentes em volta da linha. Termina a obra em novembro de 1914. Isso foi um feito que ecoou em todo o mundo. Mas não importa, Paulo de Frontin novamente sendo Paulo de Frontin. Aproveitamos para dedicar uma homenagem a alguns engenheiros desta obra monumental: D.H. Campbell, Otavio Barbosa Carneiro, Pedro Viana da Silva, Trajano de Medeiros, Mario Martins Costa, Mario Bello, Erico de Lamare S. Paulo, Ismael Coelho de Souza, Eugenio de Andrade Dodsworth.
- Prefeito da cidade do Rio de Janeiro, nomeado por Epitácio Pessoa. Fez um processo de engenharia financeira até então inédito que trouxe valiosos recursos do exterior para os cofres da prefeitura da cidade. Lembremos que isso foi em 1919, período pós 1ª Guerra Mundial, onde o mundo estava em frangalhos. Mesmo assim, com seu prestígio, Paulo de Frontin conseguiu um vultoso empréstimo do governo americano. A quantidade de obras que ele fez foi tão absurda que detalhar aqui fugiria do escopo de nossa postagem. O Jardim do Meier, reforma da av. Atlântica… e paramos por aqui. Para saber mais, pesquisem. Parte do que o Rio de Janeiro é hoje foi Paulo de Frontin que construiu.
- Participou da construção de Belo Horizonte, a primeira capital planejada do Brasil.
- Participou da descoberta do pico do Curral, todo ele de ferro “In natura”, que iniciou a fase de usinas siderúrgicas do Brasil com a construção em 1913 da Cia Siderúrgica Mineira.
- Ele foi o pai de nossas hidroelétricas ao promover em 1916 o I congresso brasileiro da Hulha Branca, nome dado na ocasião à energia hidráulica gerada pelas quedas D’água para posterior geração de energia elétrica.
- Paulo de Frontin desenvolve, com o tempo, enorme aversão a tuneis e à bitola larga. Qual seria sua reação se vivo fosse, vendo o tunelão de 8 km da Ferrovia do Aço construído em bitola larga?
A história de Paulo de Frontin é tão absurdamente rica, que seria preciso muito mais do que um pequeno artigo para falar dele e de suas realizações, portanto disponibilizamos abaixo um livro sobre ele. Ler esse livro nos faz ter a certeza de que hoje temos homens de geleia, que a graça de Deus permita que voltemos a ter homens de fibra e competentes como Paulo de Frontin.
Livro Presença de Paulo de Frontin
Lamentável um homem com a envergadura de Paulo de Frontin, alguém reconhecido por seus feitos mundialmente, hoje nem constar dos livros escolares.
- A água em seis dias.
- A construção da Av. Central,
- A duplicação da ferrovia na Serra.
- A construção da ferrovia passando pela serra da Viúva por adesão direta.
- Construção da Igreja de São Conrado, no bairro de mesmo nome.

- Construiu o Derby, clube onde hoje fica o Maracanã.
- Presidiu o Clube de Engenharia.
- Escolhido como patrono da engenharia nacional.
E muito mais. Feitos notáveis, sem reconhecimento atualmente. Quem são nossos heróis na atualidade?
E fica a pergunta. Paulo de Frontin fez tudo isso, foi um notório defensor da bitola métrica, considerava-a melhor para a geografia do Brasil, seus escritos demonstram isso.
E aquele defensor da bitola larga que eventualmente aparece em fórum de internet ou que, por concurso ou nomeação, conseguiu cargo em empresas do estado e que defende a bitola larga. Fez o quê?
Essa postagem deveria focar na E.F. Melhoramentos. Mas falar da Melhoramentos sem falar de seu idealizador e construtor Paulo de Frontin seria um enorme ato falho.
Perceberam como somos admiradores de Paulo de Frontin e de sua obra? As realizações e a visão além do alcance de Paulo de Frontin são simplesmente incríveis. Mas encerramos aqui essa parte onde demostramos isso apresentando uma mensagem feita em 01º de junho de 1919 por Paulo de Frontin, já como prefeito da cidade do Rio de Janeiro.
“Estão igualmente sendo examinados os processos de trituração e turbinação do lixo e da utilização do produto industrial assim obtido”
Quem vive propondo o uso do lixo por meio de sua queima para geração de energia elétrica?
E o transporte deste produto pelos trilhos?
Sim, nos do Departamento de Pesquisas e Projetos Trilhos do Rio. Paulo de Frontin propunha algo parecido há mais de 100 anos!

Tumulo onde está enterrado o Conde Paulo de Frontin e esposa no cemitério São João Batista no Rio de Janeiro. Sim Conde, Paulo de Frontin recebeu esse título de D. Pedro II pelos relevantes serviços que prestou ao Império. Fonte: Canal Youtube Meu Brasil de Histórias
E.F. Melhoramentos. O que houve? Como o governo do amor permitiu a sua extinção?
E aqui chegamos à parte mais complicada, constrangedora e sensível de nossa postagem, que certamente despertará muitas emoções. Ao exercer o voto, deveríamos votar em pessoas qualificadas, preparadas, e costuma-se votar naquele que a mídia manda, ou levando em conta apenas a ideologia, sem examinar o passado desse cidadão ou o que ele já fez. Interessantenotar que, para elogiar o atual governo, fala-se que foi o único a citar o setor ferroviário em campanha. Citar um setor qualquer é bem diferente de no governo fazer algo por ele, temos infelizmente tido no Brasil a aplicação da frase bíblica de Oseias 4:6,
“Meu povo foi destruído por falta de conhecimento”.
O atual governo, já pela terceira vez no poder, tem nomeado para diversas áreas as pessoas mais improváveis e despreparadas para o cargo, isso tem afetado negativamente diversos setores do Brasil, o ferroviário é um deles. Um exemplo é a situação de nossas ferrovias abandonadas, todas administradas pelo governo federal. E tragédias com vítimas em outros setores continuam a acontecer. A E.F. Melhoramentos começou a ser desmantelada no primeiro mandato do atual dirigente do Brasil, seus nomeados na época para o DNIT fecharam os olhos ao que acontecia.
Aqui temos um exemplo do nível das pessoas escolhidas para órgãos públicos no atual governo, com vítimas no setor rodoviário. E o mais constrangedor é termos no meio ferroviário, pessoas que de forma absolutamente passional defendem o governo mesmo com tantas evidências de erros sendo cometidos.
E a maioria prefere criticar as concessionárias, sem nunca ter lido um contrato de concessão, desconhecendo quem gere o setor e nem conhecendo o passado dessas pessoas.
Não se trata de defender, mas as concessionárias só querem trabalhar, e na visão de muitos admiradores das ferrovias, viraram vilãs, assim como o empresário do ônibus. Elas não têm culpa se seus interlocutores no governo nada entendem do setor.
Conclusão
Existem verdades que precisam ser ditas e normalmente não são. A E.F. Melhoramentos quando começa a ser desmantelada pela concessionária, já não ligava nada a lugar nenhum, herança caótica da RFFSA, que alguns sonhadores transformam em uma heroína que ela não era, na ocasião a concessionaria já demonstrava interesse de devolver para o governo o que ainda sobrava da E.F. Melhoramentos.
Se tivesse conseguido isso na ocasião e tivéssemos pessoas qualificadas nas várias esferas de governo, certamente a situação hoje não teria chegado ao que chegou.
Governos estaduais com pessoal qualificado tê-la-iam relicitado e feito algo que é obvio, mas essas pessoas sem preparo não conseguem entender, as vantagens de uma parceria entre os governos de Minas Gerais e do Estado do Rio de Janeiro para com a restauração dessa ferrovia no estado do Rio de Janeiro e a reconstrução de ferrovias em solo mineiro incrementar a economia dos dois estados é algo até hoje nunca pensado. A E.F. Melhoramentos na ocasião atingia o coração do Rio de Janeiro e de seu mercado consumidor, algo nada desprezível.
Ao longo do tempo, a equipe Trilhos do Rio viu e ouviu as maiores bizarrices envolvendo tentativas de reerguer o setor ferroviário. A maior delas envolveu um determinado cidadão que certamente ao acordar e se olhar no espelho enxerga um misto da figura de Jesus Cristo e Albert Einstein, e em uma reunião na antiga sede da instituição esse cidadão nos “alertava” que deveríamos ter cuidado na divulgação de nossas ideias para que elas nunca chegassem aos ouvidos dos empresários do ônibus.
Fica aqui uma pergunta, todo esse texto fala de uma ferrovia construída por um tremendo empresário e um tremendo engenheiro, outras já citadas também, sempre com empresários à frente. Quemesse cidadão pensa que vai construir ou reconstruir ferrovias? O E.T. de Varginha?
Aparentemente os gestores do setor ao nível estadual no caso do Rio de Janeiro esquecem que tem ao lado um estado quase do tamanho da Espanha sem saída para o mar e no caso dos gestores mineiros esquecem que tem ao lado um estado com um enorme número de consumidores e portos alguns abandonados como o de Angra e outros subutilizados como o de Niterói.
É muito cômodo criticar as concessionárias, isso é algo comum entre aqueles que admiram o setor ferroviário e preferem essas críticas vazias sem realmente compreender a origem dos problemas.
Jogaram no ralo o legado de um dos maiores engenheiros do Brasil, e os motivos disso até hoje são deturpados, lamentável.
A E.F. Melhoramentos foi uma ferrovia bem extensa com diversas estações e paradas, essas paradas em sua maioria eram paradas para carregamento e descarregamento de cargas. Vejam abaixo a quantidade de estações e paradas que ela tinha.
Isso, de acordo com relatório do então ministério de Viação e Obras Públicas, pouco após a sua inauguração em 1898, a ferrovia contava com as seguintes estações (E) e paradas (P)em seu trecho inicial, antes de subir a serra.
- Mangueira (E)
- Silva e Souza (P)
- Jockey-Club (P)
- Heredia de Sá (P)
- Doutor Vieira Fazenda (P)
- Cesário Machado (P)
- Engenheiro Del Castillo (P)
- Ziese (P)
- Cintra Vidal (P)
- Terra Nova (P)
- Thomaz Coelho (P)
- Cruvello Cavalcanti (P)
- Engenheiro Leal (P)
- Eduardo Araujo (P)
- Madureira (ex-Coronel Magalhães) (P)
- Inharajá (P)
- Sapé (P)
- Honorio Gurgel (P)
- Munguangue (P)
- Sapopemba (na ligação com a E.F. Central do Brasil) (E)
- Camboatá (P)
- Costa Barros (E)
- Andrade Araújo (E)
- Cayoaba (P)
- Ambatry (E)
- São José (P)
- Doutor Carlos Sampaio (E)
- Aljesur (P)
- Theophilo Cunha (P)
- Belém (E)
Mantivemos a grafia original. Algumas foram extintas e outras renomeadas.
Essas eram as estações quando da inauguração da ferrovia no final do século XIX, mas a quantidade de estações inauguradas posteriormente foi expressiva, e isso dá ideia da importância que essa ferrovia teve para as localidades beneficiadas, e tudo isso foi extinto.
Interessados em conhecer a totalidade das estações, pesquisem no Blog Trem da Serra que tem a relação completa dessas estações.
Esse mapa foi retirado da página Centro Oeste-Brasil, interessados em vê-lo em tamanho maior com mais detalhes acessem o link abaixo.
http://vfco.brazilia.jor.br/ferrovias/mapas/1898efMelhoramentos.shtml
Agradecimentos
Nosso agradecimento especial, post mortem, a Paulo de Frontin, um engenheiro genial e visionário que deveria servir de inspiração e exemplo pela sua obra a muitos que querem trilhar o caminho da engenharia.
Blog O Trem Expresso.
https://otremexpresso.blogspot.com/
Site Estações Ferroviárias do Brasil.
http://www.estacoesferroviarias.com.br/
Blog Trem da Serra do Rio de Janeiro https://tremdaserradoriodejaneiro.blogspot.com/
Blog Via Centro Oeste.
Nossa “homenagem” aos responsáveis pela destruição dessa ferrovia:
Um pedido especial ao Deus todo Poderoso.
Sr. Todo-poderoso, fazei com que nasçam entre nós pessoas com a fibra e a capacidade de pessoas como Paulo de Frontin. Estamos precisando de pessoas assim.
Encerramento
Encerramos nossa postagem com uma frase de Paulo de Frontin.
O pessimismo apregoa o país perdido, quando perdido é o filho que calunia a Pátria, em vez de defendê-la nos seus momentos de angústia.
Paulo de Frontin
Aos que chegaram aqui, muito obrigado e esperamos ter esclarecido bastante quaisquer dúvidas.
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