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✍️ Mozart Rosa
📅 29/03/2025
🕚 15h00
📷 Facebook “Saudosos da RFFSA”




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A Trilhos do Rio, ao longo dos anos em sua luta para reativar o setor ferroviário, ouviu de diversos interlocutores todo tipo de sandice, e essa abaixo foi uma delas.

Certamente por conta da cultura estatista implantada por Vargas no Brasil, que está ainda hoje no subconsciente de várias pessoas, muitas dessas pessoas, jovens sem experiência ou pessoas com mais idade, normalmente servidores públicos, que não fazem a menor ideia de como uma empresa funciona, acreditam e divulgam essa falácia.

De modo geral, quem fala ou pensa isso nunca leu um balanço e nunca fez parte do dia a dia da gestão de uma empresa, vamos explicar melhor esse assunto.

 

Empresa pública deve ou não ter lucro?

 

Uma empresa para existir precisa ter lucro. Esse lucro vai pagar as despesas da empresa, como salários, investimentos, impostos, além da remuneração do controlador, que normalmente, e por incrível que pareça é a menor parte. E sim, empresas estatais também pagam impostos como as empresas privadas. Se esse lucro não existir, quem vai pagar os salários e os investimentos é o governo, e o governo não gera receita, o dinheiro do governo vem dos impostos pagos pela população. Por todos nós. Esse dinheiro não cai do céu.

E a função dos governos não é subsidiar empresas que em tese deveriam ser privadas, a função dos governos é investir na saúde, na segurança de sua população e em diversas outras atividades inerentes ao que um governo deve fazer, não em empresas que novamente em tese deveriam ser produtivas e privadas.

A Trilhos do Rio fala sobre mobilidade e muitas vezes sobre a RFFSA, empresa que deveria gerir o setor ferroviário, mas com sua ineficiência e seu gigantismo, destruiu o setor com seus constantes prejuízos.

Quem cobria esses prejuízos? O governo? Sim, era o governo, mas com nossos impostos. Impostos que poderiam ser melhor aplicados em benefício da população.

Essa é a questão. De onde viria o dinheiro para pagar as despesas de empresas estatais que, de acordo com essas pessoas, não deveriam tem como objetivo o LUCRO? Boa pergunta a ser respondida por essas mesmas pessoas.

Nossa estatal favorita, a RFFSA, nunca deu lucro. Só dava prejuízo, prejuízo esse sempre coberto pelo governo, e a cada governo, com o aumento crescente do prejuízo, linhas eram extintas e serviços descontinuados. Governos têm muitos outros afazeres além de subsidiar prejuízo de empresas estatais.

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Para piorar, a RFFSA exercia com rigor o monopólio a que tinha direito por lei, impedindo a entrada no setor de empresários interessados em explorá-lo. Inclusive empresários do setor de transporte rodoviário. Sabiam disso, Teóricos da Conspiração?

Locomotiva diesel-elétrica modelo U23C, nº 3390 da RFFSA – Rede Ferroviária Federal S.A., fabricada no Brasil, em 1975, pela General Electric. Foto foi tirada por Fernando Picarelli Martins, em dezembro de 2001, no pátio de manobras da MRS Logística S.A., em Jundiaí.

Isso sem contar os funcionários da RFFSA, que como se diz no português popular, gostavam de fazer “cortesia com o chapéu alheio” defendendo as tarifas sociais, extremamente baixas, e se orgulhando disso, se comportando como os justiceiros sociais da atualidade, impondo tarifas baixas dos serviços de passageiros que na realidade beneficiavam, como mostrado em reportagem da jornalista falecida, Gloria Maria, disponível em nossa página, muitas pessoas de elevado poder aquisitivo, e fazendo com isso os serviços em geral serem péssimos, aumentando absurdamente o déficit da RFFSA, e afastando boa parte da população.

E assim as ferrovias foram morrendo, mas a culpa sempre é atribuída aos empresários de ônibus, ao coelhinho da Páscoa, aos ETs, aos inimigos do Jaspion, à Teoria da Conspiração do momento. Vale tudo.

Os governos do regime militar, tirando o de Ernesto Geisel extremamente megalomaníaco e esbanjador e que começou a construir a Ferrovia do Aço (e não terminou), os outros governos foram extinguindo serviços para tentar diminuir os prejuízos da RFFSA, isso deu para muitos a impressão de que a extinção dos serviços tinha alguma determinação escusa e nunca foi nada disso, era apenas corte de despesas e diminuição dos prejuízos.

Locomotiva GE U6B #3049 da RFFSA, esta locomotiva já se encontra com pintura da MRS – São José dos Campos – SP – Imagem: Máfia do CTC, 2004

Demissão de pessoal e entrega por qualquer meio das ferrovias para o empresariado seria uma solução melhor, mas em um estado socialista como era o nosso, uma solução impensável.

Apresentamos aqui verdades, pensem bem em tudo isso, questionem os especialistas que defendem esse tipo de sandice. Solicite a eles que expliquem e detalhem suas ideias.

Quem sabe com essas ideias mirabolantes poderemos voltar a ter um sistema ferroviário (fortes doses de ironia)?

Obrigado aos que chegaram aqui.

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Autor

  • Mozart Rosa

    Iniciou sua carreira profissional em 1978 trabalhando com um engenheiro que foi estagiário da RFFSA entre 1965 e 1966, que testemunhou o desmonte da E.F. Cantagalo e diversas histórias da Ferrovia de Petrópolis. Se formou Engenheiro Mecânico pela Faculdade Souza Marques em 1992, foi secretário-geral Trilhos do Rio no mandato 2017-2020 e atualmente ocupa o cargo de redator do site, assessor de contatos corporativos e diretor-técnico.

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