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TEORIA NÚMERO 6

“Na época da RFFSA, o patrimônio ferroviário era mantido decentemente.”




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No período de existência da RFFSA, que foi de 1957 até 1998, não existiam telefones celulares com câmeras e nem fotografia digital. Esses equipamentos, além de existirem hoje, são acessíveis à maior parte da população, e na época não existiam nem redes sociais como atualmente.

Hoje, eventos ocorridos em cidades pequenas sem a presença de grandes veículos de comunicação conseguem chegar à maior parte da população, graças às redes sociais e a esses novos aparatos tecnológicos.

Locomotiva GE 2033 em Três Rios, ano de 1992. Fonte: Acervo Benício Guimarães

As deficiências da RFFSA foram escamoteadas pela ausência de tudo isso. Portanto, passou-se para a população a imagem de boa empresa e boa gestora do patrimônio, o que não era verdade.

Basta ver espalhado pelo Brasil e aqui no estado do Rio de Janeiro um enorme patrimônio ferroviário abandonado que já estava abandonado ou em péssimas condições de manutenção, especialmente os pertencentes à E.F. Leopoldina, bem antes do desmonte da RFFSA.

TEORIA NÚMERO 7

“Esses balanços foram fraudados, você está mentindo a RFFSA não tinha esses prejuízos.”

Sabe aquela frase: “é preferível ser surdo a escutar isso?”

Pois é, a RFFSA era uma S.A. (Sociedade Anônima, a própria sigla já mostra), portanto, pelas leis brasileiras, uma S.A. precisa publicar seu balanço anualmente. Antigamente isso era feito em jornais de grande circulação, mas atualmente basta publicar na Internet.

E com a publicação desses balanços disponíveis para todos, via-se que a RFFSA só apresentava prejuízo.

Existem fraudes em balanços? Sim, existem, mas sempre escondendo o prejuízo e mostrando lucros fictícios, para que diretores ganhem bônus por conta de um lucro fictício. O que aconteceu com as Lojas Americanas é um exemplo. Qual seria o objetivo dos diretores da RFFSA em falsificar os balanços mostrando prejuízo?

Estamos aguardando o autor da frase grifada mais acima explicar isso.

 

Sobre esses déficits, não conhecemos nenhum defensor da RFFSA que tenha se dado ao trabalho de ler os balanços dela.

Fonte: Divulgação

Acima uma propaganda da própria RFFSA, provavelmente da década de 1970, falando sobre isso. Já existiam pessoas na empresa preocupadas com isso. Infelizmente, o tempo mostrou que a turma defensora da “tarifa social” foi a vitoriosa.

Quem defende essa teoria nunca na vida leu um balanço, não sabe como as empresas desse porte funcionam e dizem isso para impressionar ou pela total falta de fluência no assunto.

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TEORIA NÚMERO 8

“Vamos lutar para reativar o trajeto de ‘X’ para ‘Y’”

Usamos aqui ‘X’ e ‘Y’ apenas como figuras de linguagem; podem ser quaisquer trajetos. O “Barrinha” e diversos outros projetos são alguns exemplos, e pessoas com essas ideias estão espalhadas pelo Brasil: defendem suas propostas a partir de sonhos, principalmente.

Testes de retorno do Barrinha, puxado por uma locomotiva da MRS. Foto: Edson Vander Teixeira

Muitas das pessoas que defendem isso são ex-maquinistas e ex-funcionários da RFFSA, que, por terem trabalhado naquela empresa, avocam para si um conhecimento que não detêm. Afinal, sendo a ferrovia um negócio que deve apresentar lucro, o que essas pessoas podem conhecer, sendo a RFFSA uma empresa que nunca deu lucro?
Na maioria das vezes, essas pessoas:

  • Não têm experiência empresarial;
  • São entusiastas do setor;
  • Em sua maioria, além de ex-funcionários da RFFSA, são funcionários públicos, muitos aposentados, mas com a certeza de que o salário será pago no final do mês pelo governo.
  • Quando ativos, tinham a certeza de que nunca seriam demitidos.
  • Como atualmente costumam ter algum tempo ocioso, têm muitas ideias, mas muitas vezes mirabolantes ou inconsistentes;
  • Não têm nenhum conhecimento da demanda das estações do trajeto que propõem reativar, nem sabem fazer esse cálculo;
  • Não têm nenhum conhecimento dos custos do que estão propondo;
  • Não apresentam estudos sobre os equipamentos a serem usados e o custo disso;
  • Baseiam-se nos equipamentos usados no passado, parte da causa dos prejuízos da RFFSA;
  • Ignoram a existência dos veículos produzidos pela Marcopolo e (atualmente falida) Bom Sinal, mais adequados aos dias atuais.

Querem reativar trechos visando turismo, mas nunca na vida operaram um hotel ou qualquer atrativo turístico, e normalmente não têm nenhuma experiência no setor. Portanto, como podem propor algo que desconhecem?
Nunca dizem quem vai pagar a conta ou quem vai operar o trajeto que propõem, mas geralmente querem que o governo pague essa conta, ou seja, nós pagaremos para que eles realizem seus sonhos. É justo?

Claro que estes sonhos não deixam de ser também nossos sonhos. Mas não se deve criar um pesadelo, pensando ser um sonho, a partir de devaneios, e provavelmente é isso que vai acontecer.

Aqui encerramos a primeira parte deste artigo. Agradecemos a todos que chegaram até aqui, e aguardem a segunda parte desta série, muita informação ainda vem por aí!

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Autor

  • Mozart Rosa

    Iniciou sua carreira profissional em 1978 trabalhando com um engenheiro que foi estagiário da RFFSA entre 1965 e 1966, que testemunhou o desmonte da E.F. Cantagalo e diversas histórias da Ferrovia de Petrópolis. Se formou Engenheiro Mecânico pela Faculdade Souza Marques em 1992, foi secretário-geral Trilhos do Rio no mandato 2017-2020 e atualmente ocupa o cargo de redator do site, assessor de contatos corporativos e diretor-técnico.

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