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✍️ Mozart Rosa
📅 24/01/2025
🕚 11h55
📷 Capa: Trem da Supervia, Jornal Extra

 




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Sejam todos bem vindos a mais um artigo exclusivo do site Trilhos do Rio.
Agradecemos a visita e desejamos a todos uma excelente leitura!

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De onde pessoas que defendem a volta do trem tiram esse tipo de ideia? Nós até imaginamos, mas abaixo descreveremos de onde. Mas elas não têm noção de como estão erradas, não têm noção do que estão falando e de como continuar com essa ideia, jamais vão fazer o trem voltar.

Alguém tem ideia do trabalho de bastidores que está sendo feito para viabilizar que empresários comprem a ideia de restaurar o trem? Sim, empresários, pois os governos nada podem fazer, seja pela sua mão de obra ser risível, seja pela falta de recursos.

E aparecem pessoas que desconhecendo tudo isso levantam a bandeira do “trem barato”.

Pensar primeiro na tarifa para depois pensar no trem é o primeiro passo para nada acontecer.

O trem tem algumas características que só ele tem. Uma enorme capacidade de transportar pessoas e cargas. E por não ter engarrafamentos em sua linha, há uma maior velocidade do ponto A para o ponto B.

Mas ele tem custos de manutenção como tem empresas transportadoras rodoviárias. Custos como diesel, manutenção de suas composições, mas tem despesas adicionais, que empresas rodoviárias não têm, manutenção da via permanente e das estações.

Isso gera custo que precisa ser pago por alguém, que com certeza será sempre o usuário. Portanto, ser “barato”, de onde as pessoas tiram isso? Esse custo de manutenção e operação precisa ser repassado para a tarifa.

Na Europa, que usa muito o trem, o custo dos passaportes ferroviários que permitem andar por toda a Europa é relativamente baixo, mas ninguém lembra que os trens de lá usam linhas centenárias que com o tempo foram sendo melhoradas, com custos já amortizados pelo tempo.

Querer comparar o sistema europeu, que tem mais de 100 anos, que ao longo do tempo foi sendo aperfeiçoado, com o brasileiro, que foi destruído e precisa ser recuperado. O que essas pessoas têm na cabeça?

Vejam abaixo o FlixTraim, congênere ferroviário do FlixBus, existente no Brasil. Esse serviço, que oferece passagens ferroviárias de baixo custo, só existe, por existir na Europa e principalmente na Alemanha, uma malha ferroviária consolidada. Nem malha nós temos, que dirá uma malha consolidada.

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Trem verde e amareloDescrição gerada automaticamente
Flixtrain. Imagem: divulgação

Nossa malha é usada essencialmente para cargas. Honrosas exceções para passageiros, e os sonhadores querem usar o modelo da Vale na operação do trem Vitória x Minas, que tem esse roteiro, mas para cumprir contrato e para fazer uma boa política com o povo mineiro.

Aqui, nossas linhas graças à RFFSA foram destruídas, teremos que recomeçar do zero. É impossível termos trens “baratos” como defendem alguns. Já mostramos que esse desmonte do setor ferroviário começa na Proclamação da República, com o tabelamento dos fretes ferroviários que descapitalizou as empresas ferroviárias existentes. Com o tempo, a coisa só piorou.

E de onde vem a ideia do “trem barato”.

Na memória das pessoas com mais de 40 anos ao se falar dos trens sempre é lembrado que o trem era “barato”, acontece que essas pessoas ignoram que a RFFSA era uma empresa que só gerava déficits, nunca deu lucro, e o seu serviço era horrível, alguns funcionários incentivavam a tarifa “barata” tendo como argumento a função social. Acontece que isso aumentava o prejuízo da RFFSA e esses serviços foram lentamente extintos, inclusive o mais icônico deles, o trem para Petrópolis. Vamos lembrar que 40 anos atrás não existiam celulares com câmeras e nem celulares, se existissem certamente teríamos hoje registros de composições sujas, com vidros quebrados e estações caindo aos pedaços, além de composições que na maioria das vezes não cumpriam horários. Nossas memórias são seletivas.

Quem tem mais de 40 anos, é morador do Rio de Janeiro e se servia dos trens de subúrbio operados pela RFFSA e posteriormente CBTU, deve lembrar do famoso “vario” das constantes paradas por avaria dos trens. Além dos visíveis desleixos com a manutenção dos trens. Quem critica hoje os serviços prestados pela SUPERVIA nem tem noção do lixo que era no passado com a passagem “barata”. Criticar sim para melhorar, mas consciente de que no passado eras muito pior.

Para um serviço de qualidade, alguém vai ter que pagar a conta, o usuário ou o governo, e considerando que o governo não produz nada, ele vai cobrar impostos que possibilitem pagar essa conta. Fica uma pergunta: É justo a maioria da população pagar imposto para beneficiar uma minoria que vai andar no trem?

O ônibus gratuito concedido hoje para estudantes e pessoas idosas não é “gratuito” a prefeitura ou o governo do estado reembolsa as empresas e essa gratuidade, no caso das prefeituras, recai sobre o IPTU. No município do Rio de Janeiro, muitos imóveis anteriormente isentos passaram a pagar IPTU, para cobrir essa conta. Não existe almoço grátis.

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Nossos governos estaduais e federal estão falidos, o trem de passageiros de média distância só vai sair do papel, com a maciça participação dos empresários, principalmente dos empresários do setor rodoviário. Ao incluir na discussão a pauta da passagem “barata” que certamente não vai remunerar os custos de investimento, ou teremos novas maracutaias, ou simplesmente o empresário sério não vai participar das discussões sobre o assunto.

Portanto, pensem bem em tudo o que foi mostrado aqui e no que defendem.

Não temos nem o trem, e já tem gente pensando em uma tarifa barata e em gratuidades. Acreditem. Isso tem muita chance de dar certo…

Mais uma vez, é preciso frisar: não existe almoço grátis.

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Autor

  • Mozart Rosa

    Iniciou sua carreira profissional em 1978 trabalhando com um engenheiro que foi estagiário da RFFSA entre 1965 e 1966, que testemunhou o desmonte da E.F. Cantagalo e diversas histórias da Ferrovia de Petrópolis. Se formou Engenheiro Mecânico pela Faculdade Souza Marques em 1992, foi secretário-geral Trilhos do Rio no mandato 2017-2020 e atualmente ocupa o cargo de redator do site, assessor de contatos corporativos e diretor-técnico.

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