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Para quem aprecia as vertentes da cultura ferroviária, em especial o tradicional bondinho de Santa Teresa, o bairro apresenta uma interessante opção: durante uma edição do Festival “Arte de Portas Abertas”, artistas brasileiros e estrangeiros elaboraram um grande mural com várias gravuras mosaicas com o tema “Bondinho de Santa Tereza”. O tradicional meio de transporte, que completou 128 anos de existência em 2024, teve sua imagem replicada em mais de 90 mosaicos, com a ótica particular e técnicas particulares de cada artista.




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O “Arte de Portas Abertas” foi fundado em 1996 pela ONG Viva Santa, que acolheu e desenvolveu a ideia proposta pela escultora Clara Arthaud. Durante uma visita à sua filha em Cambridge, Clara teve a oportunidade de participar de um evento de “Open Studio” e imediatamente imaginou como seria interessante realizar algo semelhante em seu próprio bairro, Santa Teresa, que na época era habitado por muitos artistas de diversas áreas. No entanto, antes de se tornar um evento artístico, o projeto surgiu como uma iniciativa dos moradores, que queriam melhorar a autoestima de um bairro negligenciado tanto pelas autoridades quanto pela maior parte da cidade.

Desde sua primeira edição, o “Arte de Portas Abertas” proporcionou a milhares de cariocas a oportunidade de explorar Santa Teresa, muitos deles pela primeira vez, utilizando o bonde que é símbolo da região. O evento, com foco na apreciação de diferentes formas de arte visual, permitiu que o Rio de Janeiro redescobrisse Santa Teresa, um bairro histórico que preserva sua arquitetura e que possui um grande potencial cultural. Localizado no coração da cidade, Santa Teresa se destaca como uma verdadeira “cidade interior” dentro da megalópole.

Andréa Aires Imbiriba é uma artista mosaicista e muralista carioca. Durante treze anos morou na Amazônia, em Santarém, Pará. Nesse período, ministrou aulas de Turismo e Meio Ambiente e produziu shows e eventos de receptivo turístico. Em 2005, resolveu mudar radicalmente de vida, dedicando-se à arte do mosaico e ensinando a técnica em oficinas nas escolas públicas da cidade.

Em 2011, voltou para o Rio de Janeiro e, ainda no processo de  readaptação à vida urbana, percebeu o quanto a cidade havia mudado, perdendo muito de sua poesia. Nos anos seguintes, mudou-se para Petrópolis e depois para Saquarema, em ambos os lugares, para buscar a paz das cidades pequenas e inspiração para os seus trabalhos.

Em 2016, retorna ao Rio e decide se fixar, mas ainda sentindo a necessidade de encontrar um lugar que tivesse o espírito das cidades do interior.
Nessa inquietude e ambivalência dos sentidos, buscando nas memórias de sua infância e juventude, foi que surgiu a ideia de homenagear o bondinho e o bairro de Santa Teresa.

Como já havia participado de outros projetos coletivos em outras cidades do Brasil e do exterior, considerou a possibilidade de realizar o seu próprio projeto de muralismo, com uma intervenção urbana e coletiva de mosaico intitulado “Um Bonde para Santa Teresa”, em que diversos artistas poderiam participar, enviando uma peça em mosaico com sua própria versão do tradicional bondinho. Os trabalhos seriam aplicados no muro de alguma rua do bairro, compondo, assim, um grande mural.

Em 2017, o projeto tomou forma e se desenvolveu – com expressiva adesão de artistas brasileiros de diversos Estados e até mesmo de outros países, tais como Argentina, Alemanha, Chile, Dinamarca, França, Holanda, Inglaterra e Irlanda – ganhando um espaço em branco de um muro de 20 metros, cedido por um casal de moradores que apoiou a iniciativa. Em julho do mesmo ano, a artista se mudou para o bairro de Santa Teresa.

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Do campo das ideias para o muro foi um grande salto. Mesmo sem patrocínio, o evento contou com o apoio de artistas e moradores do bairro. Sob a curadoria da artista, o projeto chega à sua conclusão com a participação de 179 artistas inscritos e 238 mosaicos que foram instalados em dois pontos do bairro de Santa Teresa.

A proposta, além de homenagear o bonde, foi promover a interação dos artistas mosaicistas, e, principalmente, chamar a atenção para a importância da preservação da memória, da cultura local, da valorização dos bens materiais e imateriais, tornando-se também um apelo para que o bondinho volte a circular pelas ruas de Santa Teresa, como antigamente.

A obra se encontra instalada num muro de cerca de 20 metros na Rua Paschoal Carlos Magno, via que é atendida pelo meio de transporte que atualmente se encontra em reforma e modernização da via férrea. Com isso, o bairro passa a contar com mais uma atração turística e um novo ponto para registrar belas fotos durante a visita ao bairro. Vale apena a visita ao local, principalmente se a viagem até o bairro foi feita de bondinho. O bonde está presente em diversas obras do bairro é uma espécie de “entidade cultural’ e um personagem não-humano do folclore do tradicional bairro.

Outro ponto que vale a pena salientar e chamar atenção, são as homenagens ao saudoso condutor Nelson Correa, figura muito querida falecida durante o trágico acidente em 2011.

Então se você aprecia cultura ferroviária, e quem fazer um passeio recheado de cultura, não perca tempo! Tome o primeiro bonde, siga até Santa Tereza e aprecie mais essa atração que veio para enriquecer a cultura do bairro conhecido pelo centenário bonde.

 

Texto escrito em 14 de novembro de 2024 às 16h46
Última atualização em 13 de novembro de 2024 às 23h28
Imagens: Thiago de Almeida
Imagem de capa: site Visite Santa Teresa

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