✍️ Mozart Rosa
📅 07/12/2024
🕚 12h24
📷 Estação Visconde de Itaboraí, Facebook
Recentemente na página do Facebook Trilhos do Rio, foi postada uma foto do antes e depois da estação Itaboraí, a estação que teve um passado glorioso fazendo a ligação da linha que ia para Niterói e dá linha que ia para o Rio de Janeiro passando por Magé, um leitor mais revoltado falou do “monopólio imundo da Rio Ita” e que essa empresa de ônibus teria sido a responsável por aquela destruição.
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Pequeno vídeo mostrando a destruição da estação
Que fique claro que não estamos recebendo nada aqui para defender a empresa Rio Ita, ou qualquer outa empresa, mas ela nada teve a ver com mais essa lambança, tentaremos mostrar aqui o que aconteceu nos bastidores do governo e tentar que os que vierem a ler esse texto compreendam essa realidade e a propaguem.
A EXTINÇÃO DA RFFSA
A RFFSA precisava ser extinta, já mostramos diversas vezes que era a empresa com o maior prejuízo, maior número de empregados e o maior patrimônio, mais que um elefante branco era um verdadeiro Mamute Branco, já a muito tempo tinha deixado de ser uma empresa de transporte ferroviário para se transformar basicamente em uma administradora de pessoal, e de seu patrimônio imobiliário, seus imóveis no caso suas estações existiam, mas com um péssimo estado de conservação e seu material rodante e suas locomotivas também, menos para aquela regional que operava com lucros que era a linha de centro, da antiga EFCB que transportava minério de ferro, ali sempre as melhores locomotivas a melhor manutenção, o restante era deixado ao leu.
Ao extingui-la e entregar suas regionais por concessão para diversas empresas o governo fez o que tinha que fazer. Talvez de uma forma um pouco açodada, mas que tinha que fazer, tinha.
Essas empresas que compraram as novas concessões a maioria orbitavam em torno da Vale S. A. antiga Vale do Rio Doce, que espertamente manteve para si as regionais que lhe interessavam. No caso da área que compreendia a estação de Itaboraí e as linhas do seu entorno e de outras linhas como a que acessava Angra dos Reis, bem como de todas as linhas de bitola métrica da antiga E.F. Leopoldina, toda essa rede no Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo, fez parte do lote comprado pela VLI – Logistica integrada mais uma empresa subsidiaria da Vale.
Acontece que a Vale é uma empresa de mineração e a VLI, em princípio era uma empresa que transporta graneis de minério produzidos pela Vale. Embora no trajeto por onde passavam as diversas linhas compradas anteriormente pertencentes a extinta E.F. Leopoldina, existissem e ainda existem diversos produtos que pudessem ser transportados pela ferrovia o foco da VLI sempre foi minério, posteriormente ampliou seu leque de produto, mas sempre graneis de qualquer ordem.
Existe muita lenda em torno das operações das composições da E.F. Leopoldina, como pôr exemplo as que ligavam o Rio de Janeiro a Campos, e de outras rotas. Eram composições em péssimo estado de conservação, com atrasos constantes, que tinham um público por cobrar passagens muito baratas, além da via permanente em péssimo estado de conservação por conta das limitações orçamentaria que a RFFSA tinha. E essa era uma regra que se espalhava por todas as composições de passageiros da E.F. Leopoldina e todas as suas linhas.
Aqueles que quiserem entender a verdade, os motivos que fizeram as ferrovias no Brasil acabarem, sem fantasias como a de falar do “monopólio imundo da Rio Ita”, leiam os artigos abaixo. Informações desconhecidas pela maioria, vejam o relato do sr. Augusto Santoro, que foi resgatista da E. F. Leopoldina e conta da diferença dos equipamentos usados pela EFCB e a E. F. Leopoldina, sempre que qualidade e manutenção duvidosas.
Artigo n.º 1: o que realmente houve com as ferrovias no Brasil? (1)
Artigo nº 1: o que realmente houve com as ferrovias no Brasil? (2)
OS BASTIDORES DO GOVERNO
E ai começaram os problemas, a VLI desde 2003 primeiro ano de governo do atual presidente, já demonstrava interesse em devolver diversas linhas que não lhe interessavam, uma delas a da antiga E.F. Melhoramentos que saindo de Três Rios passava por Miguel Pereira, que deveria passar por Japeri chegando a Gramacho, e que funcionários da secretaria de Transporte de um dos governos estaduais só descobriram que não tinha trilhos no trecho ligando São Bento a Ambai, alertados por preservacionistas ferroviários.
Ela viu a encrenca que se meteu pois não tinha noção que o estado das linhas e do material rodante era tão deplorável.
O governo federal deveria ter em seus quadros profissionais qualificados que entendessem melhor do setor ferroviário e entendessem que poderiam repassar essas linhas para empresários interessados em operá-las, mas se mantiveram inertes, a coisa chegou a esse atual estado de abandono e hoje todos culpam a VLI, pelo patrimônio ferroviário confiado a ela estar se acabando.
Novamente ressaltamos, não estamos aqui como advogados de defesa da VLI, ou de qualquer outra empresa, mas certamente se no governo tivessem existido pessoas mais qualificadas essas pessoas poderiam ter dado alguma solução ao problema no devido tempo e nada foi feito.
Entendam o seguinte, uma empresa tem seu público, seu foco, sua linha de produtos. Uma churrascaria vende churrasco, se ela começa a vender pão ou sapatos desvirtuara seu foco, uma Petshop cuida de animais se quiser consertar automóveis também desvirtuara seu foco, além de precisar contratar profissionais os quais ela nunca contratou e nem sabe contratar.
A VLI tem seu foco em granéis, o “Estilo Leopoldina de Ser” tem seu foco em outros produtos, outra forma de operação, não significa que essas empresas ainda a serem constituídas ao implantarem o “Estilo Leopoldina de Ser” não possam transportar graneis, como lixo e combustível, mas mudar o foco é algo complicado por envolver questões fiscais e o treinamento de funcionários e a criação de novas rotinas, e isso não é o governo que tem que impor, na realidade em tese o governo não deveria impor nada a empresas, mas no nosso caso aqui são formas incompatíveis de operações, e isso os funcionários do governo deveriam compreender para poder aceitar essa devolução e relicitar as linhas devolvidas para novas empresas.
A Maioria dos funcionários de segundo e terceiro escalão do governo federal ou estadual são egressos da RFFSA ou aprenderam seu ofício com egressos da RFFSA. Considerando que ferrovia é um negócio e que a RFFSA em toda a sua existência nunca deu lucro é exigir demais que essas pessoas compreendam a questão da necessidade do lucro em uma operação ferroviária, e tenham a desenvoltura de propor novos entrantes no sistema.
Sobre a destruição da estação Itaboraí, bem como de outras uma informação. De acordo com o contrato que tivemos acesso, que foi o da MRS Logística e acreditamos que o contrato da VLI também tenha essa cláusula, a responsabilidade da manutenção da maioria das estações não utilizadas pelas concessionarias é do governo federal poder concedente das concessões, cobrem do governo federal atual e antigo a destruição de estações como a de Visconde de Itaboraí.
A Rio Ita que poderia ser a solução, arrendando essa linha para transporte de cargas e passageiros, graças aos delírios de alguns sem nada conhecer da situação acabou sendo rotulada de vilã.
CONCLUSÃO
A VLI separou com o tempo, das linhas que recebeu no contrato de concessão aquelas que lhe interessavam para viabilizar o que ela passou a chamar de: “corredores de exportação”. Embora tivesse recebido as linhas de bitola métrica passou a implantar nessas linhas o transporte de graneis, negligenciando as outras cargas, não encontrou interlocutores no governo que viabilizassem a transferência daquelas linhas que não lhe interessavam para outras empresas, e nem encontrou dentro do governo pessoas que pudessem pensar em trechos logísticos como a AFTR pensa.
Sobrou apenas pequenas rotas como a chamada rota do calcáreo, ligando Barra Mansa ao interior de Minas Gerais em Ijaci, para a fábrica de cimento do Grupo CCR, essa composição transporta a escória de alto forno que sobra dos fornos da CSN para essa fábrica de cimento para produção do CP III.
Foi mantendo o que dava em condições precárias.
Vamos esclarecer o seguinte: A VLI em seu quadro comercial não tem pessoal para reconhecer operações logísticas de pequeno porte que não sejam graneis, seus funcionários da área comercial e os funcionários do governo federal responsáveis pelo setor não fazem a menor ideia do que um dia foi o que chamamos de “Estilo Leopoldina de Ser”, interessados leiam os textos abaixo:
Reafirmamos aqui, que não se trata de críticas a VLI, essa é a sua característica como empresas, transporte de graneis, ela fez apenas o que sabe fazer.
Já mostramos a viabilidade do “Estilo Leopoldina de Ser”, mas esse conceito se perdeu com o tempo, dentro e fora do governo, reativá-lo pode reativar trechos e reformar estações hoje destruídas como a de Itaboraí e outras espalhadas pelo Brasil principalmente em Minas Gerais.
Abaixo empresas que poderiam ser procuradas por membros do governo para que fosse apresentado o que ainda resta da E.F. Leopoldina são empresas de logística que poderiam se interessar em usar rotas ainda existentes para nelas trafegarem seus veículos, veículos propostos pela AFTR.
Abaixo veículo para transporte de carga fracionada proposto pela equipe Trilhos do Rio
Apresentamos aqui apenas alguns exemplos, nada impede que essas empresas se consorciem com empresas de transporte rodoviário como a Rio Ita que segundo nosso leitor Alecrim Dourado que desconhecendo o que aconteceu fala do “monopólio imundo da Rio Ita”, e sejam oferecidos transporte de pessoas além de cargas, com empresas como a Rio Ita transportando passageiros.
Seria hora dos gestores desse setor lesse nosso artigo falando sobre workshop, ajudaria bastante.
Obrigado aos que chegaram até aqui, e esperamos ter conseguido esclarecer algumas dúvidas.
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